Cultura digital, sociedade e política

09/06/2014

Demissões provocadas por publicações nas redes sociais.

Por Priscila Camazano

Em janeiro de 2011 uma publicação de um fotógrafo do jornal Agora São Paulo no Twitter provocou polêmica. Thiago Vieira estava no CT (Centro de Treinamento) do Palmeiras, em um espaço reservado a imprensa, acompanhando e aguardando o resultado da votação que decidiria o novo presidente do clube. Nesse meio tempo ele resolveu postar na sua conta pessoal do Twitter a seguinte frase: “Enquanto os porcos não se decidem poderiam mandar mais lanchinhos e refrigerante pra imprensa q assiste ao jogo do timão na sala da imprensa”. Quase que imediatamente é “convidado” a se retirar do local. Os responsáveis do clube não gostaram nada da publicação irônica do fotógrafo.

Em março do mesmo ano um outro post no Twitter também causou polêmica. Quando o ex-vice presidente José Alencar faleceu o editor do caderno poder da Folha de S. Paulo publicou em sua página pessoal do Twitter a seguinte frase: “Nunca um obituário esteve tão pronto. É só apertar um botão”, se referindo a uma prática jornalística costumeira que consiste em ter dossiês prontos de personalidades. O post, apesar de não fazer referência direta a Alencar, deu a entender que o jornalista falava do obituário do ex-vice presidente. Não bastava a gafe do editor logo em seguida outra publicação, agora da jornalista Carol Rocha, colega do mesmo veículo de comunicação, piorou ainda mais a situação. Em resposta Rocha faz o seguinte comentário:“@alecduarte mas na Folha.com nada ainda…esqueceram de apertar o botão…rs” se referindo ao fato da notícia do falecimento ainda não ter sido publicada na Folha online. O resultado da “brincadeira” foi o desligamento dos jornalistas da empresa.

Em fevereiro de 2014 uma outra publicação, agora no Facebook, ganhou notoriedade. Rosa Marina Meyer, professora da PUC-RJ, postou em sua conta pessoal uma foto de um passageiro de regata e bermuda no aeroporto Santos Dumont e a frase “Aeroporto ou Rodoviária?” se referindo a forma como o passageiro se vestia como se não fosse apropriada para o local.

Esses são três casos de publicações nas redes sociais que tomaram grandes proporções e tiveram consequências não muito agradáveis para quem às postou. O fotógrafo Thiago Vieira e os jornalistas, Alec Duarte e Carol Rocha, foram desligados da empresa em que trabalhavam. A professora da PUC-RJ foi afastada do cargo que ocupava na universidade. Porém, esses não foram os únicos casos de comentários nas redes sociais que viraram notícia. Artistas e outras pessoas com cargos importantes em grandes empresas também tiveram suas publicações polemizadas.

As redes sociais online possibilitaram com que informações se propagassem em um curto período de tempo e para um número cada vez maior de pessoas. Um ganho incontestável para a comunicação. Porém, também trouxe à tona uma discussão sobre a forma como são usadas as redes sociais online e que tipo de conteúdo pode ser compartilhado.

Raquel Recuero (2009), pesquisadora na área de Ciências Humanas, analisa como se dão as relações sociais contemporâneas através das redes sociais online. A autora trata justamente sobre essa capacidade da difusão da informação nesse meio.

Constituída de atores sociais, tudo o que se publica nas redes online, dirá a autora, está sujeito a forma pela qual as pessoas que te seguem, seus amigos, receberão a informação. E a maneira como aquela informação será interpretada é que definirá se ela é passível de ser compartilhada ou não.

Dirá Recuero (2009) que muitas dessas publicações ganham força e se difundem de forma epidêmica alcançando proporções online e offline. Foi o que aconteceu com os posts descritos acima, ganharam tamanha notoriedade que uma aparentemente inocente frase extrapolou o mundo online e provocou consequências no mundo offline.

As demissões provocadas pelas publicações podem nos remeter a análise feita por Marcuse (1999) com relação ao uso da tecnologia como instrumento de controle e dominação. Segundo o autor a tecnologia além de contribuir para a organização do modo de produção foi também usada como meio de organizar e controlar as relações sociais. Como exemplo o autor cita o aparato tecnológico levada ao extremo no 3° Reich, e que resultou em toda a história da dominação nazista que já conhecemos.

Com base nesse princípio de que a tecnologia pode servir como meio de controle social podemos dizer que a Internet, mais especificamente as redes sociais (produto da tecnologia contemporânea), tendo como base os exemplos citados, foram utilizadas pelas empresas como meio de monitorar os seus funcionários.

Os posts parecem que foram publicadas sem a intencionalidade de causar polêmica, porém, o resultado foi exatamente o contrário. Talvez por seus autores não se darem conta de que apesar de aparentemente estarmos sozinhos em frente ao computador o que se publica nas redes sociais é visto por diversas pessoas, inclusive o seu chefe. Portanto, estamos sempre sendo monitorados e por isso devemos nos ater a que tipo de conteúdo estamos produzindo e compartilhando.

Curioso é imaginar a rapidez com que esses posts se propagaram e se destacaram de milhares de outros conteúdos produzidos diariamente nas redes sociais. Recuero (2009) pode nos ajudar a entender essa lógica do compartilhamento. A autora chama de “meme” toda informação reconhecida que se propaga através de uma replicação. E ao tratar sobre que tipo de informação que se torna um “meme” a autora trabalha com a ideia de que há fatores que são levados em conta para que a informação seja difundida. Fatores que estão relacionados aos próprios atores sociais envolvidos. Ou seja, uma publicação como a da professora da PUC-RJ talvez tenha ganhado as proporções que ganhou pelo fato de seu conteúdo ter sido publicado por um membro da academia.

Para entender esse mecanismo do compartilhamento de informações podemos pensar no conceito de cultura da participação trabalhado por Shirky (2011) e no conceito de cultura da Internet trabalhado por Castells (2003). Shirky (2011) dirá que no mundo conectado há uma certa generosidade ao se produzir e difundir conhecimentos.  Castells (2003) dirá que ao mesmo tempo que somos consumidores das informações disponíveis nas redes sociais online somos produtores de seu conteúdo. Produzimos e disponibilizamos generosamente, por isso a ideia de que há uma cultura da participação, que faz com que os usuários da Internet compartilhem conhecimentos. Para Shriky (2011) as “nossas ferramentas tecnológicas para tornar a informação globalmente disponível e encontrável por amadores, a custo marginal zero, representam, assim, um enorme choque positivo para a combinabilidade do conhecimento”.

Enfim, o que percebemos com esses exemplos é que as redes sociais online refletem as relações sociais estabelecidas offline.  O que talvez os internautas citados não ponderam foi justamente o fato de que o mundo virtual é constituído de atores sociais e que esses refletem a dinâmica do mundo offline, portanto as suas publicações estão sujeitas a interpretações e julgamentos.

 

REFERÊNCIAS

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/02/professora-que-ironizou-advogado-no-facebook-e-afastada-de-cargo-no-rio.html

http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/10-pessoas-que-foram-demitidas-por-causa-do-twitter?p=7

SHIRKY, Clay. “Cultura”. A cultura da participação: criatividade e generosidade no mundo conectado. Rio de Janeiro: Zahar, 2011

RECUERO, Raquel. Redes sociais na Internet. Porto Alegre, Sulina, 2009.

MARCUSE, Herbert. “Algumas implicações sociais da tecnologia moderna”.Tecnologia, Guerra e Fascismo. São Paulo: Editora UNESP, 1999.

CASTELLS, Manuel. “Lições da história da internet” e “A cultura da Internet”. A galáxia da Internet. Rio de Janeiro, Zahar, 2003.

Produtor, ouvinte, podcaster: novas mídias e comunidades de colaboração em ambientes digitais

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A comunicação é um elemento essencial para a manutenção do ser humano, enquanto ser cultural e social. Os meios de comunicação foram desenvolvidos para sistematizar essa necessidade de transmitir significado e informação, sempre com “nobres intenções” no início e tendem a se instrumentalizarem para algum propósito pouco claro, na maioria das vezes (DOWNEY, 2004: 272). O rádio surgiu na América Latina ou, mais precisamente, foi importado para essa região durante o período de 1930 e utilizado por líderes políticos com o principal objetivo de criar uma cultura nacional comum, nessa época ainda ausente nos territórios nacionais, recém estabelecidos e com muito pouco em comum, dada a grande quantidade de grupos (étnicos, culturais, territoriais) distintos que coabitavam esse continente antes da colonização europeia. A tecnologia e o aparelho de rádio, naquela época, simbolizavam a modernização, exemplificada na tecnologia de comunicação e serviu para cristalizar uma cultura sobre um território, construir e legitimar o conceito de “nação” (MARTIN-BARBERO, 2004: 194), além significar uma nova tecnologia de imprensa, posterior à mídia impressa, ainda assim uma “mídia de massa”, conceito esse determinante na cultura do século XX.

Em meados de 1960, uma nova mídia, a Televisão, é trazida juntamente com o conceito de “desenvolvimento” para a América Latina, em um contexto de esgotamento da tendência política chamada “populismo” e fortes pressões internacionais por abertura econômica por parte dos países subdesenvolvidos. Essa nova tecnologia serviu, juntamente com o cinema, para criar um imaginário comum de consumo, não mais local ou nacional, mas global (transnacional): os valores, a cultura e os padrões de consumo dos EUA foram exportados e multiplicados, inclusive nos países mais “atrasados” (MARTIN-BARBERO, 2004: 196), recém industrializados, onde a população migrava das áreas rurais para as urbanas, esse consumo de mídia foi ainda maior, considerando a dificuldade de adaptação dessas populações e sua inexperiência em utilizar o tempo livre nesses ambientes tão diferentes e, de certa forma, hostis (SHIRKY, 2011:10).

Durante o séc. XX a comunicação e suas tecnologias eram largamente utilizadas para fins políticos de integração cultural e econômica, mas no contexto da guerra fria e ameaça constante de uma 3ª guerra mundial, sob a justificativa do desenvolvimento tecnológico dos EUA e a partir de fatores institucionais e políticos, é idealizada, depois viabilizada tecnicamente uma nova tecnologia de comunicação*, um espaço aberto para participação que foi se expandindo do local/ institucional até se tornar global: a internet. Pessoas com interesses específicos passam a ter um ambiente para compartilhar inquietações e ideias, pois certamente alguém possui o mesmo interesse, porque essa possibilidade é multiplicada pela quantidade de pessoas com acesso à internet, ou, como diz Clay Shirky: “Qualquer acontecimento [ou interesse] humano, por mais improvável que seja, vê sua probabilidade crescer numa multidão” (SHIRKY, 2011: 28). A virtualidade mostra uma série de conexões autônomas (redes) entre pessoas e/ ou grupos. Nos locais onde o espaço público das cidades não é utilizado para exercício da cidadania, os atores sociais se tornam autônomos de forma a criar espaços virtuais (horizontais e não hierárquicos) de conversa e deliberação, tomada de decisão, independente das empresas ou do Estado , culminando em ultima instância em espaços de reivindicação, que se estende aos lugares presenciais, vividos, cotidianos (CASTELLS, 2013: 11). Os indivíduos unidos em nações (por meio da ficção de pertencimento único ao território) se deparam com a diversidade, primeiramente no interior do próprio país (as particularidades regionais (na América Latina: diversas tribos indígenas e outras culturas ligadas ao espaço físico); se deparam com milhares de manifestações em nível global, das imensas possibilidades embutidas no contato com outras culturas e a multiplicidade de significados e significações que podem existir, dessa forma ameaçando os poderes centralizadores e homogeneizantes da sociedade( LEMOS E LEVY, 2010: 207).

A partir das novas possibilidades de conexão e estabelecimento de redes entre pessoas ou grupos agora possíveis por conta da internet, destaco certo tipo de mídia que é uma junção de outros formatos, ainda assim diferente de todos eles: um rádio que não é rádio, um meio possibilitado apenas a partir da internet: o Podcast, termo esse utilizado pela 1ª vez em 2004, pela junção das expressões “P.O.D – Personal on demand” (pessoal sob demanda) e “Broadcast” (transmissão massiva). Poderia também se chamar audiocast, o sentido da expressão é, para uso nesse artigo, conteúdo em áudio / video que pode ser distribuído massivamente, para grande quantidade de pessoas, nos moldes do rádio e que pode ser produzido por qualquer um com conhecimento técnico, uma ideia e disposição para fazê-lo, ou seja, uma ruptura na crença e prática de que só uma elite (executivos e técnicos dos meios de comunicação) era capaz de produzir conteúdo. Segundo Tom Webster:

“Podcasting é o conceito de baixar várias formas de programa de áudio/ vídeo na forma de arquivos digitais que podem ser ouvidos a qualquer momento.
Podcasting não se refere ao ato de baixar músicas individuais. Podcasting se refere ao ato de baixar arquivos de áudio/ vídeo on-line na forma de programas
(como talkshows ou um programa musical com apresentador), geralmente como um download automático que pode ser ouvido segundo a conveniência do usuário”

(WEBSTER, 2009: 9)

Podcasting

Um podcast pode ser produzido por alguma emissora de rádio, por exemplo, e de fato foi como a mídia se iniciou, mas seu modelo de produção deriva de diversos aspectos culturais da sociedade que foram potencializados na internet: Transparência na construção e divulgação do conhecimento, produção horizontal e democrática, comportamento comunitário / colaborativo, tanto no sentido metodológico / técnico de se produzir um programa, quanto nas temáticas e assuntos de interesse dos diferentes grupos. No interior de uma tendência geral da internet, de democratizar a produção e consumo da informação, esse tipo de nova mídia significa a potência de transformação de cada um em ator social (produtor da sua própria narrativa) e apropriação de diversas ferramentas tecnológicas que permitem tirar o máximo proveito das possibilidades multimídia da internet. Essas características se mostram principalmente no interior do universo que se formou a partir dessa mídia (produtores e consumidores, ou podcasters e ouvintes). Esse comportamento comunitário também destoa da hostilidade e concorrência da mídia tradicional, o corporativismo e preferência por viabilidade comercial à qualidade do conteúdo, características recorrentes nos meios de comunicação de massa, muitas vezes megacorporações com grande poder econômico, que atuam massivamente criando articulações (redes) de luta pelo poder**, a manutenção do mesmo e apoio de quem o detém (CASTELLS, 2013: 10).

Essa nova mídia, já produzida em grande quantidade no mundo inteiro, ainda pouco conhecida no Brasil, apresenta inúmeras possibilidades de produção, no momento se apresenta majoritariamente como conversas entre amigos, apresentador e convidados ou mesmo monólogos (o apresentador que lê / comenta), abordando uma temática preestabelecida, que pode ser tecnologia, esportes, notícias ou algum aspecto da cultura, local ou internacional (temática predominante). Esse tipo de produção, além de promover o debate em torno de algum assunto ou obra artística, contribui ao colocar em contato o entusiasta / especialista em alguma área (cinema, histórias em quadrinhos, música, por exemplo) com o restante da “audiência”, que muitas vezes não possui tanta informação a esse respeito, ou seja, dissemina conhecimentos históricos e ferramentas para um aprofundamento crítico, para quem não possuir. Além disso, a própria audiência (ouvinte) cria uma atmosfera de participação, com referências que não foram citadas, opiniões pessoais e demais contribuições, que invariavelmente enriquecem o conteúdo. Isso tudo, produzido, cristalizado e disponibilizado na internet, é gravado em formato de áudio (.mp3) e enquanto estiver disponível, aquele conteúdo se manterá intacto, podendo ser consultado novamente quantas vezes for necessário, e significa, afinal, para quem produz esse tipo de conteúdo, algum custo de produção e muito pouco para reprodução, cópia ou compartilhamento, além dos conhecimentos prévios sobre os assuntos, altamente valiosos, mas dificilmente mensuráveis, e infinitamente combináveis entre a comunidade que, quanto mais ativa, mais viva e criativa se mantém.

Existem os podcasts que se pretendem comerciais, se inserem em portais mais amplos como blogs e outros produtos para comércio ou veiculação de propaganda, nos moldes da mídia tradicional, por medição da quantidade e nível de engajamento da audiência, o que possibilita a venda de publicidade e outros produtos, por isso acabam adotando estratégias de comunicação massiva, temáticas populares, mas no ambiente da internet possuem a vantagem de ter um custo de produção muito menor do que em um grande estúdio de TV ou rádio, além de uma maior segmentação e fidelidade do público, considerando a imensidão de possibilidades, já que todos são potenciais produtores de conteúdo. Ainda assim, ponderadas as particularidades, essas estratégias reproduzem em outro meio o modelo hegemônico de mídia. Outros programas abordam temas mais alternativos, de baixo apelo à mídia de massa ou à população em geral (Cinema de arte / independente, mitologia), história, o que não significa necessariamente menos interesse ou participação.

Ainda assim, existem muitas possibilidades, ainda mais no contexto da América Latina, onde as tecnologias foram implantadas, mas muito pouco apropriadas pela população (MARTIN BARBERO, 2004: 179). Considerando-se a multiplicidade de culturas que coexistem no continente, existe um imenso potencial para abordagem das culturas indígenas, de forma a tornar pública sua existência e realizar o resgate histórico de práticas que podem ter se perdido no tempo ou no contato com os europeus, além das culturas tradicionais que foram extintas pela urbanização e/ou exploração indevida dos territórios. É possível e necessário apropriar-se dessas novas tecnologias multimídia como mídia radical: construir novas práticas de produção e reprodução da informação, novas formas de organização do conhecimento e sua apropriação pelas pessoas: uma comunicação não mercantilizada, que não atenda aos interesses de parcelas da sociedade (notadamente aquelas que detém o poder). “Consiste na participação das pessoas na criação de formas interativas de comunicação que atuam como força de compensação para o fluxo unilateral que é próprio da mídia comercial” (DOWNEY, 2004: 274), dessa forma, abre-se espaço para temas sem repercussão na mídia tradicional, seja por falta de repercussão ou divergência ideológica: mídia e cultura independentes / colaborativas, movimentos sociais contra-hegemônicos, conteúdos críticos/ antissistêmicos, novas formas de organização social. Assim como o rádio foi utilizado na Argélia para fins da independência do país, ou em Lima, nas rádios comunitárias que deram voz às vendedoras nos mercados , ou os latinos residentes nos EUA que viajam para seus países de origem colhendo, com gravadores, as manifestações das festas populares para atualizar os companheiros que moram longe (MARTIN BARBERO, 2004: 189-190), é possível apropriar essas tecnologias para valorizar as diferentes manifestações humanas dos países/ continentes.

Mesmo sendo uma mídia recente, o podcast demonstra um potencial imenso em diversos aspectos, seja na popularidade que o rádio já teve, na conveniência em se consumir conteúdo em áudio, seja na facilidade de produção e distribuição do conteúdo. Diversas outras ferramentas da internet possibilitam a valorização cultural de povos isolados ou marginalizados, como a gravação em vídeo de rituais, cerimônias e outras manifestações, posteriormente disponibilizado em serviços de streaming, o rompimento das barreiras de tempo / espaço, em que não é mais preciso a proximidade física para a comunicação direta e articulação política, ou mesmo as possibilidades educacionais: ensinar a apropriar a população para que se utilize desse espaço, virtual, mas em muitos momentos público e participativo, de mobilização e efervescência cultural, pois em ultima analise, não são os “impactos” das tecnologias, mas seus usos, que realmente interferem e fazem a diferença na sociedade.

Notas:
* No contexto da época, os principais fatores foram: o apoio financeiro (do governo dos EUA); institucional (pelo departamento de Defesa) e autonomia proporcionado para a discussão e desenvolvimento de ideias; a genialidade dos cientistas envolvidos desde o início e os estudantes que se juntavam posteriormente; além dos fatores externos, que influenciaram ideologicamente nas características finais do projeto: as culturas alternativas e libertárias dos anos 60 e 70, além dos idealistas como Tim Berners-Lee, Douglas Engelbart e Ted Nelson. Castells (2004), pg. 40-43

** Utilizo o conceito poder de acordo com a formulação de M. Castells: “O poder é exercido por meio da coerção (o monopólio da violência, legítima ou não, pelo controle do Estado) e/ ou pela construção de significado na mente das pessoas, mediante mecanismos de manipulação simbólica” e ainda: “[...] as relações de poder são constitutivs da sociedade porque aqueles que detêm o poder constroem as instituições segundo seus valores e interesses.” (Castells, 2013: 10)

Bibliografia:

Castells, Manuel. A galáxia internet: Reflexões sobre internet, negócios e sociedade. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2004

Castells, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro, Zahar, 2013

Downey, John. Mídia radical: rebeldia nas comunicações e movimentos sociais.São Paulo, Ed. Senac, 2004

Lemos, Andre; Levy, Pierre. O futuro da internet. São Paulo, Paulus, 2010

Luiz, Lucio (org). Reflexões sobre podcast. Nova Iguaçu, Marsupial Editora, 2014

Martin-Barbero, Jesus. Oficio de cartógrafo: Travessias latino-americanas da comunicação na cultura. São Paulo, Loyola, 2004

Shirky, Clay. A cultura da participação: Criatividade e generosidade no mundo conectado. Rio de Janeiro, Zahar, 2011

Webster, T. The Podcast Consumer 2009 . Edison Research, Disponível em: http://www.edisonresearch.com/home/archives/2009/05/the_podcast_consumer_2009.php#.U5UyIS1XC24. Acesso em 18/05/2014

07/06/2014

Rolezinho e cultura digital: formas de expressão e organização social dos funkeiros e seus impactos políticos

No final de 2013 um novo tipo de encontro de jovens ganhou uma grande repercussão midiática no país. Centenas de jovens entre os 12 e 17 anos, moradores de periferias, funkeiros passaram a se reunir em shoppings para fazer o encontro do qual eles denominaram de “rolezinho” e segundo eles próprios os objetivos são tirar um lazer, conhecer gente nova, beijar na boca, curtir e zoar. Os eventos são combinados pela internet, através da rede social Facebook.

Esse movimento todo começa dentro da internet, rede de comunicação que trouxe mudanças fundamentais para a sociedade, uma delas é a possibilidade de expressão e sociabilização através das ferramentas de comunicação mediadas pelo computador (RECUERO, 2009). Se antes esses adolescentes estavam separados cada um na sua região periférica, através do acesso às redes sociais pela internet eles podem se encontrar e conhecer-se virtualmente, independente da distância espacial.

Segundo RECUERO, uma rede social é definida como um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais)[1]

No espaço virtual, os funkeiros constroem suas identidades expondo aquilo que sentem, gostam, que se identificam, mostram seus nomes, se destacam, são vistos. Cada um deles é um ator que se constrói, interage e comunica com outros atores e é também dentro da rede que serão reconhecidos seus padrões, o que compõe seu gosto, seu estilo, sua rede de amigos mostrando quais são suas conexões, a quais grupos pertencem (RECUERO, 2009).

O que proponho aqui é pensar nos usos e apropriações das tecnologias digitais feitas pelos funkeiros e como estes subvertem a ordem vigente mesmo com seus ideais de ostentação que aparentemente cairia com uma luva na sociedade de consumo.

Eles não vão ao shopping com o objetivo de fazer compras, nem ir ao cinema ou comer na praça de alimentação (alguns até consomem, mas o encontro em si não tem esse foco). Eles não são disciplinados, nem dóceis. Eles não são discretos, nem silenciosos. Eles dançam, cantam, correm, assustam, causam estranheza e até medo.

O uso de computadores, smartphones, tablets para entrar nas redes sociais (Facebook, Instagram, Whatsapp) para organizar o rolezinho, marcar pontos de encontro, se acharem, postar suas fotos e também filmar a violência policial exercida contra o grupo mostra as possibilidades de apropriação e identificação cultural (MARIN-BARBERO, 2004) dessas mercadorias que acredito eu, nem seus criadores imaginavam que poderia acontecer.

 As redes sociais têm na vida desses jovens um papel socializador e de coesão do grupo, é por meio deles que podem ficar mais próximos, criar contatos e conexões através de identificação (RECUERO, 2009), gostos comuns. Cada perfil na rede representa um ator social, eles vão interagir entre si e construir laços através de suas afinidades, pelo gosto compartilhado da cultura funk que envolve todo um estilo estético, musical, padrões de comportamento e claro, envolve o consumo.

Esses atores se tornam visíveis, a redes sociais são espaços de manifestação cultural, entretenimento, de exposição de seus gostos e pensamentos, onde podem se expressar e serão vistos, seguidos por outros atores, ganham popularidade e até mesmo tornam-se “famosinhos”.

O nome “famosinho” também foi criado por eles, refere-se àqueles que ganham grande popularidade na rede através de vídeos e fotos que caem no gosto do grupo, chegando a ter 50 mil seguidores no Facebook, pessoas que tornaram-se fãs destes jovens (FROES DA SILVA e GOMES DA SILVA, 2014). Esses jovens representam a estética que é considerada legítima para o grupo, as marcas que usam, o visual que adotam, o corte de cabelo são símbolos de distinção que representa o que é a estética do funk ostentação e como o grupo constrói sua identidade.

O fenômeno dos famosinhos relaciona-se com o que Síbilia, 2003 chamou de “imperativo da visibilidade”, esse conceito é usado para explicar a necessidade de exposição pessoal que há na sociedade atual. É uma relação mútua entre o público e o privado, o “eu” sente a necessidade de expor-se, de falar, de ser visto e só será visto e reconhecido pelo público. No ciberespaço, é preciso ser visto para existir (RECUERO, 2009), não basta postar um status no Facebook, esse status para ganhar reconhecimento deve ser compartilhado e curtido por um número razoável de amigos. Um status ou uma foto postada sem curtidas ou compartilhamentos é um post invisível, praticamente inexistente. É isso que difere os famosinhos; seus perfis, suas publicações são populares, são elogiadas, compartilhadas, curtidas. Legitimadas pelo grupo.

O rolezinho também acontece com o intuito de reunir esses fãs para conhecer seus ídolos famosinhos, mas não necessariamente todos os encontros ocorrem com esse objetivo. Alguns apenas são organizados como momento de lazer sem foco em um determinado ídolo.

Ao contrário do que muito foi falado pela mídia, os rolezinhos não existe uma centralização na organização ou líderes. São encontros organizados de forma autônoma, horizontal e espontânea. Qualquer funkeiro pode se juntar com seus amigos e organizar um rolezinho e dependendo da sua popularidade entre o grupo e da divulgação, esse encontro pode ter muitos rolezeiros ou poucos.

Se alguns dos costumeiros organizadores do encontro parar de criar eventos, outros rolezeiros podem tomar essa iniciativa, a própria rede facilita essa lógica, as redes sociais da internet são espaços de autonomia, muito além do controle de governos e empresas – que, ao longo da história, haviam monopolizado canais de comunicação como alicerces de seu poder (CASTELLS, 2013). Qualquer um pode ter um perfil ou uma página nas redes sociais, qualquer um poder criar um evento para fazer rolezinho.

Segundo o MC Chaveirinho, os rolezinhos já acontecem desde 2007, mas ganhou repercussão midiática em dezembro de 2013.[2] . A mídia não sabia muito bem como definir o que estava acontecendo, então falava-se em “tumulto no shopping”, “arrastões em shopping”, quebra-quebra: “a multidão aparece na praça de alimentação. Clientes e funcionários se trancam nas lojas para escapar do tumulto. Logo depois, a polícia é chamada e chega ao estabelecimento.”. [3]

Os comerciários estimam que nesse encontro havia 6 mil jovens. Capacidade para reunir tantos adolescentes não haveria se não fosse a organização pela internet, onde é possível atingir milhares de pessoas, a comunicação de massa baseia-se em redes horizontais de comunicação interativa que, geralmente são difíceis de controlar por parte de governos ou empresas (CASTELLS, 2013).

A partir desse dia, o rolezinho dos funkeiros ficou estigmatizado como um encontro de jovens marginais para cometer roubos nos shoppings e a polícia passou a intervir em todos eles com agindo com violência contra esses adolescentes para reprimir o encontro.

rolezinho 13

PM detém jovens no Shopping Interlagos (Foto: Joel Silva/Folhapress)

Não há nos rolezinhos, a priori, reivindicações políticas, contestações sociais, militância, consciência ideológica por parte dos rolezeiros, eles são adolescentes à procura de lazer, zuação, beijo na boca e novas amizades.

Mas a disputa é política, pois tais jovens estão transgredindo às regras e desafiando as relações de poder. Existe uma classe dominante que impõe que o shopping não é o lugar apropriado para tal perfil de pessoas e para tal comportamento, e os rolezeiros subvertem essa ordem. Como foi analisado por PEREIRA, 2014 os rolezinhos escancararam três importantes tensões e preconceitos presentes na sociedade brasileira: de classe, de raça/cor e de idade/geração. Eles foram perseguidos e duramente reprimidos em primeiro lugar porque eram jovens pobres e mais, adeptos de um estilo que é estigmatizado e criminalizado na sociedade assim como outras manifestações culturais negras foram e são, seu comportamento não corresponde ao que é esperado e legítimo dentro dos shoppings centers.

Os shoppings conseguem liminar judicial proibindo o rolezinho alegando que os estabelecimentos não comporta tanta gente nem tem segurança o suficiente para isso. Os eventos de rolezinho marcados pelo facebook passam a desparecer misteriosamente. Estão sendo excluídos. Por quem? Pelo próprio Facebook? Pelos criadores dos eventos que estão sofrendo pressão para apagar os eventos? Os representantes do Facebook alegaram que não tinham nada a ver com o fato. Ninguém soube responder quem teria sido o responsável, ou ninguém quis responder.

Segundo CASTELLS, os governos têm medo da internet, e é por isso que as grandes empresas têm com ela uma relação de amor e ódio, tentam obter lucros com ela ao mesmo tempo em que limitam seu potencial de liberdade. Foi o que aconteceu com a organização dos eventos no Facebook.

Nas redes sociais, nos fóruns de comentários de leitores nos sites de jornais como a Folha de SP e Estadão, ficou bem clara a opinião dos consumidores, da maioria das pessoas acerca do rolezinho, as pessoas defendiam a ação da polícia e diziam que os consumidores, ou melhor, a população deve ser protegida de ataques de marginais como os que estavam acontecendo, também defendiam a proibição do rolezinho e deixavam claro o medo que sentiam desses encontros no shopping.

Tal fato, juntamente com a enorme violência policial e a aversão dos consumidores aos rolezeiros, a esquerda, os movimentos sociais e mídias de perspectiva crítica se manifestaram na internet diante da discriminação e segregação que esses jovens estavam sofrendo.

Então a Prefeitura Municipal de São Paulo se pronuncia diante da situação pressionada por todo esse movimento de denúncia e pelo próprio rolezinho. Abre diálogo com os rolezeiros, busca políticas públicas alternativas para esse público e ao mesmo tempo mantém em segurança e estabilidade o comércio e funcionamento dos shoppings, influenciando os rolezinhos a ocorrerem em parques públicos e pensando em expansão de projetos e eventos culturais nas periferias que contemplem o gosto dos funkeiros.

No momento atual, os rolezinhos continuam acontecendo tanto nos shoppings como nos parques. Com bem menos força e menor quantidade de pessoas, tem pouca repercussão midiática e ainda sofre repressão da segurança do shopping (a pouca quantidade de pessoas faz com que a Polícia não veja necessidade em intervir).

O que interessa aqui, não é se o rolezinho será um movimento que ocorrerá durante um longo tempo, se seus adeptos estão fazendo protesto político. O mais importante é que podemos perceber através desses eventos que ainda existe uma discriminação muito forte contra esses jovens. Os rolezinhos escancararam três importantes tensões e preconceitos presentes na sociedade brasileira: de classe, de raça/cor e de idade/geração, eles foram perseguidos e duramente reprimidos em primeiro lugar porque eram jovens pobres, em sua maioria negros e também pelo seu gosto de classe (BARBOSA, 2014), por serem adeptos de um estilo musical que é estigmatizado e criminalizado desde sua criação nos guetos norte-americanos e carrega até hoje esse mesmo estereótipo.

 


[1] RUCUERO, 25. 2009

[2] Profissão Repórter. http://www.youtube.com/watch?v=m-ra8K0Hadc. Acesso em 25/04/2014

[3] http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/12/video-mostra-tumulto-no-shopping-metro-itaquera.html. Acesso em 25/04/2014

 


REFERÊNCIAS

 

CASTELLS, Manoel. Redes de comunicação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio Janeiro: Zahar, 2013.

FRÓES da SILVA, Darlene e GOMES da SILVA, Carlos. “Rolezinhos”: sociabilidades juvenis, discriminações e segregação urbana. Revista Pensata. Vol 3. N. 2, maio de 2014.

MARTÍN-BARBERO, Jesus. Ofício de Cartógrafo. Travessias latino-americanas da comunicação na cultura. São Paulo: Loyola, 2004

PEREIRA, Alexandre Barbosa. Rolezinho no shopping: aproximação etnográfica e política. Revista Pensata. Vol 3. N. 2, maio de 2014.

Recuero, Raquel.  Redes sociais na internet.  Porto Alegre:                      Sulina, 2009. (Coleção Cibercultura)

04/06/2014

La Evolución de la Relación entre Arte y Tecnología

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En un momento de la historia, el color azul era la tecnología costosa. Un pigmento casi imposible de obtener, azul de ultramar sólo podría ser hecho con lapislázuli, una rara piedra semipreciosa que la mayoría de los artistas- por no hablar de artistas muertos de hambre- no podían permitirse (esta es la razón por azul y púrpura se consideran los colores de la realeza). Cuando los pigmentos artificiales irrumpió en la escena artística, de repente cielos estaban literalmente más azul y artistas se enfrentaban a una nueva paleta de opciones. Esto es lo que los artistas se enfrentan ahora con la aparición de las nuevas tecnologías: más herramientas, más opciones, y en algunos casos, nuevas maneras de estimular los sentidos del público.

Tecnología y Cultura

No hay duda de que la tecnología está cambiando el arte (http://www.bbc.com/news/entertainment-arts-19576763). Las computadoras le ha dadoes al arte nuevas formas de crear música, pinturas, poesía y escultura. Gracias al Internet, los artistas pueden compartir su trabajo con millones de personas- mucho más de lo que hubieran visto en una exposición en una galería. Pero no importa la forma en que usamos la tecnología, la mente humana siempre estará en el centro de arte, orientando las herramientas para crear la visión del artista.

El público está viendo una gran ruptura en cómo la gente usa los medios tradicionales hoy en día. Antes de lo que solía ser que alguien se acaba de hacer una escultura, pero ahora, se trata de una experiencia de instalación de rendimiento. Los géneros se están borrosas y se está creando este vocabulario totalmente nuevo en el mundo del arte de la forma en que el artista y el público definen diferentes medios. El público está viendo mucho más artistas que están rompiendo los límites de los medios de comunicación y que también están buscando fuera de los medios tradicionales de arte para incorporar otros aspectos en su trabajo.

La tecnología ha hecho el arte más accesible a su público, sino también al artista. “De fato, a interconexão dos epíritos, a inteligência coletiva e a abertura do espaço mental foram favoráveis á criatividade florescente da vida do sentido.” (Lemos e Levy , 2010:205) Algunos escultores ahora utilizan programas de la computadora para diseñar sus obras en un entorno abstracto antes de enviar sus especificaciones a cantería fábricas que dependen de equipos computarizados para cincelar una estatua. Pintores ya no tienen que cargar sus suministros con ellos si quieren crear una imagen fuera del estudio. Pueden sacar sus smartphones, abrir un programa/app y utilizar sus dedos como pinceles para crear pinturas magistrales. Estos artistas dicen que les gusta esta tecnología porque es inmediata; pueden capturar un momento en que sucede. También pueden compartir esos cuadros de forma rápida a través de los sitios de redes sociales.

Virtuo Art Tool Set de Yana Klimava

Esta accesibilidad creciente está rompiendo paredes. Tecnología al alcance de todos significa que el publico ya no ve en el arte como sólo para la clase elite. “Hoje, a internet está reduzindo o custo de transmitir não só palavras, como também imagens, videos, voz, dados brutoss e tudo mais que possa ser digitalizado..”( Shirky, 2011:127) Los artistas no se limitan a un solo medio. Producciones multimedia computarizados combinan la música y las artes visuales en impresionantes conciertos de vista y sonido que no fueron posible hace unos años.

La tecnología puede estar cambiando la forma de pensar del arte. En el pasado, el arte tomó formas físicas que podrían mantenerse en su estado original con el cuidado y la protección adecuada, pero el arte digital plantea nuevos problemas para la preservación y restauración: las convenciones de formato de archivo cambian, el software está en constante evolución, y los programas necesarios para abrir estas obras digitales con el tiempo se convertirá en obsoleto. Incluso si contamos con los programas, las computadoras del futuro no pueden ser capaces de ejecutarlos, y así se perderán las obras. Al mismo tiempo, muchos artistas digitales dicen que la transitoriedad de su trabajo es parte de su encanto. Tal vez la introducción de esta incertidumbre es otra manera como la tecnología está cambiando el arte.

Art Game de Leo Caillard

En última instancia, podría fácilmente argumentar que el arte no cambia, que la necesidad de expresarse es antigua y estática y eso sería un comentario legítimo. Pero cualquiera que sea el futuro depara para la tecnología y el arte se espera: no hay duda de que sus destinos están vinculados intrínsecamente.

 

 

 

Bibliografía

 

“ART GAME.” Behance. N.p., n.d. Web. 29 May 2014.

Shirky, Clay. “Cultura”. A cultura da participação: criatividade e generosidade no mundo conectado. Rio de Janeiro: Zahar, 2011, pp. 119-143

“Guest Post: Technology And Culture. Which Is The Right Way?” Art Marketing Management. N.p., n.d. Web. 29 May 2014.

Lemos, André; Levy, Pierre. “O espaço virtual da cultura”. O futuro da internet. São Paulo, Paulus, 2010, pp. 115-155, 101-220.

“Tech & Art: Engineering the Future.” BBC News. N.p., n.d. Web. 29 May 2014.

“Tuvie.” Tuvie Virtuo Digital Art Tool Set by Yana Klimava Comments. N.p., n.d. Web. 29 May 2014.

03/06/2014

The Impact of Technology on the Music Industry

The music industry has come a long way since those days of the mono recordings. Before the music industry was simple. An artist would record a song on vinyl, cd, or tape and then the public would go to the store and purchase the album. Now, the music is stored in the cloud. You can see the music videos through YouTube, stream it through Spotify, or purchase it from iTunes. On top of that, all of this can be done through the home computer, phone, or the tablet, even in a car. The music industry nowadays is comprised of individuals who compose and perform music that work with huge label companies who in turn sell these music labels to the public. This whole business was worth around 168 billion dollars in 2013.

Back then, artists, producers, and engineers didn’t have as much of a choice of what equipment that would use to get their recordings done. With the advancement in technology and new innovations constantly being created in the music industry, the opportunities are endless. If you look up the definition of technology you will see the words industry and commerce, which just means growth and development. Technology has and will continue to influence growth and development in the music industry.

With the growth of technology, the technical end of producing and engineering has become somewhat a quicker task. For example, the introduction of system real time messages synchronized drum machines, sequences and other rhythmic devices. System real time messages are dropped into the data stream as required, and have priority over other messages in order to mainstream synchronization at all times. Other advances in technology have allowed these devices to operate with timing clocks so everything does not have to be done completely be hand anymore. As music production and recording systems become more complex and sophisticated, the need for intuitive, easy to use controls over then became essential if they are to be used effectively. In many ways, technology has improved the sound quality of the music that we hear, due to the advent of digital sound, and also advancements made for live performance. Music producers are now able to create more special effects on tracts.

Music Technology

However, many “performers” have become reliant on technology, and there are a lot of artists who now lip synch to all the songs when they perform “live”. This is a negative impact, because often it means that people actually need less talent to succeed in the business than they needed 20 or 30 years ago.

Technology also gave birth to the music video. The artist would create an image that would form an identity for fans to relate to. The result resuming to more and more profits for the artist and the record label companies. Similarly, more effects are now possible and there is an overall superior quality, which is getting increasingly better as more new and updated technology comes along.

Youtube’s Effect on Music

Technology has affected the music industry in both a positive and a negative way. The positive impact includes buying one song now, not the entire album if the fan prefers not to; the public has immediate access anywhere at anytime; and the public can also find exclusive tracks (like live performances) that are not available on regular albums. And, of course, technology has created overnight celebrities and will continue to do so.

Negatively, while technology allows music to be distributed all over the world at the touch of a button and enables artists to advertise on an unprecedented scale it also allows music to be pirated illegally anywhere, anytime. There has been a loss of profit due to illegal downloading. In 2012, 40 billion downloads were illegal, which was almost 90% of all the downloaded music (http://www.statista.com/chart/614/music-downloads-via-bittorrent-in-the-first-half-of-2012/). Additionally, artists may be judged on the video rather than their artistic abilities. And lastly, the purity of the music may be compromised due to the use of software to enhance the artist’s voice.

Music Piracy of 2012

The world has changed so much from a technological standpoint over the last years. And the way that’s affected music and content industries in general has been huge. But the world changes and the music industry must keep up with it. Artists starting out now have it a lot harder because there are so many choices to be made. “(As) novas ferramentas possibilitam uma oportunidade de criar novas culturas de compartilhamento e apenas nessas culturas (as) capacidades de compartilar terão o valor que podem ter.” (Shirky, 2011:129) But they have those choices and they can decide how much emphasis they are going to put on certain aspects.

The goal when artists start out now is exactly how it was when artists were starting out back then: to grow. To make great music, have a career, have a following, build a fan base, spreading popularity, etc. “Todos os tipos de imagens, musicas, textos, mundos virtuais se entrecruzam ai, em linguas cada vez mais numerosas e nas direções do espírito cada vez mais divergentes.” (Lemos e Levy, 2010:205) The bottom line is that technology is here to stay and the music industry should embrace it rather than fight it. At the end of the day, the only true musical experience is a live performance.

 

 

Bibliography

“Infographic: United States Top Music Piracy Ranking.” Statista Infographics. N.p., n.d. Web. 01 June 2014.

Lemos, André; Levy, Pierre. “O espaço virtual da cultura”. O futuro da internet. São Paulo, Paulus, 2010, pp. 115-155, 101-220.

“Music Technology BTEC Subsidiary Diploma.” - St. Wilfrid’s Catholic 6th Form College. N.p., n.d. Web. 30 May 2014.

Shirky, Clay. “Cultura”. A cultura da participação: criatividade e generosidade no mundo conectado. Rio de Janeiro: Zahar, 2011, pp. 119-143

MAIS AXÉ PRA SER ODARA!

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Nas últimas semanas uma notícia causou grande polêmica. Trata-se da afirmação do juiz da 17ª Vara Federal, Eugênio Rosa de Araújo, que excluía do rol das religiões os cultos afro-brasileiros. Segundo o juiz, o candomblé e a umbanda não possuem um texto base (como a Bíblia), uma hierarquia e um Deus a ser venerado, elementos essenciais para que uma prática seja classificada como Religião.
Trazendo à memória a questão abordada pelos autores André Lemos e Pierre Lévy*, de que a ampla intersecção das diversas culturas não tem por consequência homogeneizar o mundo, suprimindo a diversidade. Ao contrário, essa interação, mesmo que modificando algumas características de uma determinada expressão cultural (língua, religião, arte, etc.), serve para reafirmá-la no contexto. E que é papel do Estado (Estado Nação) promover a pluralidade cultural, mas o que se observa é a opressão das minorias em nome do princípio de uniformidade cultural (Lemos e Lévy, s/d: 211).
Mais uma vez pudemos perceber o desrespeito realizado por parte dos detentores do poder, dos que são chamados representantes do povo. Mas a afirmação do excelentíssimo juiz não ficou por isso mesmo: muitas postagens nas redes sociais, especialmente o Facebook, repudiaram tal atitude de um representante do Ministério Público Federal. Muitos grupos e comunidades virtuais de praticantes das religiões de matriz africana, de simpatizantes e até pessoas que não têm vínculo algum com essa cultura, mas se sentiram lesadas pelo pronunciamento de Eugênio, e se manifestaram virtualmente e organizaram (pelas páginas das redes sociais) eventos de protestos contra essa afronta realizada com a expressão cultural que são os cultos afro-brasileiros. Houve protestos na Bahia, no Rio de Janeiro, e São Paulo também organizou uma manifestação no local consagrado pelas diversas manifestações: o vão do MASP.
As religiões de matriz africana têm buscado seu espaço na sociedade, seu reconhecimento e diminuição do preconceito sofrido. As redes sociais são um veículo de grande importância para a divulgação dessa cultura. Há a possibilidade de se criar páginas no Facebook divulgando, não apenas eventos, mas outros elementos que envolvem essas culturas, como por exemplo: contos, cantos, fotos, entre outras coisas. Diretamente relacionada a essa ferramenta está o Youtube, com a veiculação, em grande escala, de informações em vídeo, contendo trechos de seus ritos de culto aos Orixás e Entidades.
Cada vez mais é preciso se apropriar desses espaços virtuais, que abrem portas aos espaços públicos, conquistando seu espaço enquanto expressão cultural que deve ser preservada e propagada, em conjunto das demais expressões, sem que uma suprima a outra. E preciso encher os espaços virtuais de Axé, que na cultura africana é energia boa, pois só com lutas carregadas de Axé é que se pode acreditar num mundo mais Odara, mais Belo.

* “O espaço virtual da cultura”.

Referências Bibliográficas
- LEMOS, André e LÉVY, Pierre. O FUTURO DA INTERNET: em direção a uma ciberdemocracia planetária. Ed. Paulus: s/d.

02/06/2014

Da democracia à revolução, como a internet está se tornando um instrumento político

Por Márcio Nascimento Souza

A democracia em seu significado etimológico seria o governo do povo[1], assim como era na Grécia Antiga onde essa palavra teve origem, as decisões eram tomadas pelos homens livres nas ágoras, as opiniões de cada cidadão da polis era expressa a fim de convencer os demais. Porém esse modelo revolucionário desapareceu junto com a soberania ateniense perante o domínio romano no século II A.C. A democracia apenas ressurgiu no século XIX como uma consequência da modernidade que aos poucos incluiu as mulheres e os analfabetos, porém essa não era mais a democracia participativa dos gregos antigos, mas uma democracia representativa que delega ao cidadão apenas o direito ao voto em períodos de eleições, onde os representantes dos cidadãos já se encontram em sua maioria alheios aos problemas deles por serem na verdade representantes de elites econômicas e políticas.  A democracia não se faz mais pela prática da expressão de cada indivíduo. Em partes, podemos entender isso como consequência do impedimento físico de reunir todos os milhões de cidadãos de um Estado moderno em um congresso, onde todos falariam e ouviriam a todos. Deste modo parece que a democracia representativa seria o único modo possível de democracia, não sendo mais ela o governo do povo, mas o governo sobre o povo.

Porém, hoje assim como a mais de 2500 anos na Grécia surgia de forma revolucionária a democracia, a internet está mudando os aspectos da vida social em quase todo planeta, ela está possibilitando aos indivíduos modernos romper com os obstáculos físicos de comunicação e permitindo acesso rápido as informações, dando vida a um novo tipo de democracia, seguindo o exemplo da constituição colaborativa islandesa, onde o povo por meio das redes sociais como o Facebook e o Twitter ou pela página oficial criada para a redação da nova constituição, contribuiu através de opiniões, sugestões e debates[2], Segundo William J. Mitchell (2002) a dinâmica social alcançada após uma revolução tende a ser irreversível, gerando outras transformações que tendem ser profundas:

“Como naqueles fortes abalos que marcaram nosso passado – as revoluções agrícola e urbana que se seguiram à invenção da roda e do arado, e a revolução industrial que emergiu da ciência do Iluminismo -, as dinâmicas sociais pós-revolucionárias parecem já ter atingido um impulso irreversível.” (MITCHELL, p32. 2002.)

A participação do povo na política através da internet segundo Eiríkur Bergmann[3] é fundamental para um nível mais avançado de democracia, porém, é importante lembrar que ela contínua sendo representativa através de eleições, o que leva Bergmann a pensar que não vivemos no limiar de uma nova democracia, mas sim, uma nova etapa onde a web é um instrumento para participação. Pois, a ciberdemocracia possibilita o surgimento mecanismos de discussão entre o cidadão e o Estado, tornando a participação popular mais real nas tomadas de decisões. Bergmann ressalta que logo após a pacífica “Revolução das Panelas” em frente ao parlamento em decorrência da crise econômica de 2008, a população a transferiu para a rede, onde os políticos a acolheram através da criação de uma Comissão Constitucional. Essa participação popular na nova constituição islandesa só foi possível graças ao fato de que 95% da população têm acesso à internet.

Uma rede de comunicações surgiu junto ao ciberespaço, possibilitando a interação entre todos com acesso a rede, assim como Manoel Castells aponta em A Galáxia da Internet, ela está fornecendo a integração de várias redes, como por exemplo, se observarmos a constante troca e cruzamento de informações do mundo todo através do Facebook e o Youtube veremos a possibilidade do surgimento de uma maior diversidade cultural, porque as distâncias e os territórios físicos tornam-se relativizados diante da circulação de informações e o acesso a elas, possibilitando uma maior aproximação entre indivíduos de diversas culturas.

 Assim como William J. Mitchell já parecia prever em E-Topia A vida urbana – mas não como a conhecemos, através de objetos de uso cotidiano, como celulares e relógios que tendem a se tornarem mais inteligentes, teremos as novas interfaces para o mundo digital. Mitchell via a web como uma construção coletiva, ou seja, podemos entender isso como uma oportunidade de criarmos uma nova experiência democrática. De forma otimista esse autor crê que em breve os meios de acesso a rede estarão tão presentes e integrados a vida cotidiana, assim como a eletricidade e a telefonia, podendo surgir redes comunitárias que seriam como as ágoras da Grécia Antiga. Mas o mesmo autor aponta preocupação quanto aos usos da internet, em seu texto de 2002 ele parecia já prever o recente alvoroço causado pela revelação de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana, ao dizer que achar que as informações fluem livremente pela rede é um mito otimista, pois “sentinelas” vigiam as informações (MITCHELL, 56. 2002).

No Brasil podemos observar algumas iniciativas como forma de aproximação do povo das questões públicas, como por exemplo, o Portal da Transparência que permite a qualquer cidadão com acesso a internet fiscalizar a utilização do dinheiro público, ou a TV Senado e TV Câmara que permitem acompanhar as discussões e decisões do Congresso Nacional, porém não vemos essas iniciativas como um meio de articulação de participação do povo no governo, mas como apenas uma prestação de contas.

Se por um lado as tecnologias da informação estão sendo usadas como ferramentas numa tentativa de participação maior do povo nas decisões políticas em um Estado democrático de direito como é a Islândia, por outro elas desempenham um papel de demolição de regimes pouco democráticos, como no caso da onda revolucionária conhecida como Primavera Árabe, onde o uso de redes sociais consegue driblar a censura e organizar manifestações de forma estratégica. Toda revolução depende de meios de comunicação como o uso de panfletos e jornais. E agora as tecnologias digitais estão desempenhando essa função, porém de uma forma nunca vista antes. Tentar desconectar a rede certamente acarreta num prejuízo econômico muito alto, e para evitar que as revoltas se propagassem mais através da internet alguns governos não tiveram outra escolha a não ser ceder à pressão popular[4].  Segundo Manoel Castells em Redes de Indignação e Esperança – Movimentos Sociais na Era da Internet, o surgimento da rede possibilitou a ocupação de um espaço que é desprovido do controle total dos governos e das empresas, onde os indivíduos se juntam para reivindicar o direito de fazer história. Através da articulação pela rede, indo do norte da África pelas manifestações da Primavera Árabe, ao coração do mundo financeiro no movimento chamado Occupy Wall Street, as comunicações de massas por meio da rede estão fornecendo a possibilidade para a construção da autonomia dos indivíduos diante as instituições (CATELLS, 12. 2013). Para Castells esse é o motivo dos governos temerem a internet.

As mídias digitais podem ser as novas armas da revolução, assim como os instrumentos da construção de uma nova democracia.

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Fonte: cartoonaday.com

Bibliografia:

CASTELLS, Manoel. A Galáxia da Internet: Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade. Rio de Janeiro, Zahar, 2003.

_______________. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro, Zahar, 2013.

MITCHELL, William J. E-topia: a vida urbana – mas não como a conhecemos. São Paulo, Senac, 2002.

Sites:

http://tecnologia.terra.com.br/internet/constituicao-colaborativa-da-islandia-serve-de-exemplo-ao-brasil,f9f3a0b2993de310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html

http://www.20minutos.es/noticia/967110/0/rey/bahrein/presos/


[1] Dicionário da Língua Portuguesa, Michaelis. Disponível em michaelis.uol.com.br

[2] Para mais informações acesse: http://tecnologia.terra.com.br/internet/constituicao-colaborativa-da-islandia-serve-de-exemplo-ao-brasil,f9f3a0b2993de310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html

[3] Eiríkur Bergmann é professor de Ciências Sociais na Universidade de Bifröst na Islândia.

[4] Para mais informações acesse: http://www.20minutos.es/noticia/967110/0/rey/bahrein/presos/

As relações afetivas na Era Digital

Uma reflexão a partir do filme “Medianeras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual” de Gustavo Taretto

 

Por Maria Fernanda Bienhachewski da Costa Portela

 

A cultura digital e a influência da Internet nas relações cotidianas foi tema do filme argentino “Medianeras”, de 2011 do diretor Gustavo Taretto. O longa metragem faz uma relação entre as relações afetivas na cultura digital e a arquitetura de Buenos Aires, que cresce desproporcionalmente e de forma irregular, disponibilizando uma série de pequenas quitinetes isoladas. O título do filme significa a parede intermediária entre os edifícios, que sem janelas, comportam propagandas e outdoors.

Dois jovens, enclausurados em seus pequenos apartamentos em Buenos Aires sofrem solitários diante de seus computadores.  Martin, um web designer e Mariana, uma arquiteta mal sucedida, que ganha a vida elaborando vitrines são os personagens dessa trama que retrata a realidade das relações afetivas nos dias de hoje.

 

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“A internet me aproximou do mundo mas me afastou da vida”, frase dita pelo personagem Martin, que sofre de uma série de transtornos psiquiátricos como depressão e fobia de multidões, soa de forma extremamente familiar e serve para que possamos refletir sobre como essa cultura digital impossibilita a vivência de experiências e sensações da vida humana.

De que modo a Internet permitiu a aproximação e/ou o afastamento entre as pessoas? Com a promessa de um acesso ilimitado a uma quantidade astronômica de dados e informações, a Internet prometia aproximar ainda mais os indivíduos, que através dela podem estar conectados 24 horas através de sites, tal como as redes sociais ou aplicativos como o Skype que realiza ligações internacionais via computador sem custo ou entre aparelhos telefônicos a pequenos preços. Tudo isso que previa uma maior aproximação, pode de alguma forma, ter ocasionado o afastamento gradual das pessoas de suas relações afetivas. Se de algum modo a Internet permite o contato de forma rápida e eficaz, ela também finge suprir a necessidade do encontro propriamente dito, do palpável, do físico.

Como é dito no filme, hoje é possível realizar centenas de atividades via web, tal como realizar as mais diversas compras, assistir a filmes e séries, ler e escutar músicas, realizar transações bancárias etc. Mas de que modo isso não passa a interferir na vida das pessoas, que fechadas dentro de seus apartamentos e diante de suas telas, deixam de sentir necessidade de sair de suas residências e conviver socialmente. De que modo a Internet não contribui para uma espécie de Sociopatia que leva a situações de depressão e solidão? E como a distribuição dos apartamentos de forma caótica e excessiva também contribui para isso?

 Ambos os personagens, desiludidos amorosamente, com dificuldade de voltar a se relacionar se sentem ainda mais fragilizados diante do que o filme denomina de “cultura do inquilino”, em que indivíduos preenchem casas e apartamentos irregulares e têm dificuldade em se reconhecer como individualidade diante da multidão. O uso da metáfora do personagem do livro “Onde está o Wally” que é tido como personagem preferido de Mariana, e que está sempre encoberto diante de uma multidão e que ela assume nunca tê-lo encontrado na cidade, é um exemplo de como a Internet impulsiona uma postura de excesso e ao mesmo tempo de perda da individualidade das pessoas, que através de seus computadores têm a ilusão de estar diante do mundo, mas cada vez mais acanhados diante da vida.

O filme, portanto, busca trazer uma reflexão de que apesar da Internet propiciar uma série de novas experiências e facilitar a realização de uma série de atividades cotidianas, o que realmente preenche os indivíduos, lhes trazendo sentimentos de realização e felicidade não podem ser substituídos pela vivência digital. A necessidade de relacionar-se, de estar próximo fisicamente do outro não é suprida pelo uso da Internet, sendo, na realidade, um grande obstáculo na hora de se reconhecer e na descoberta do outro.

 

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A pesquisadora Raquel Recuero no livro “ Redes sociais na Internet” busca compreender de que forma da Internet vêm alternando as relações sociais contemporâneas. Trata-se de alterações complexas e em velocidade acelerada que precisam ser analisadas com cuidado. No entanto, a tecnologia não pode ser vista como algo externo a sociedade, pois se tornou parte integrante dela. Apesar do tom crítico colocado pelo longa-metragem, a Internet não traz apenas malefícios para as interações sociais, mas é um instrumento que pode ser utilizado e depende da postura do internauta no seu uso, ou seja, a Internet por si só não pode ser responsabilizada por um afastamento e/ou aproximação entre os indivíduos. Segundo Recuero, a Internet deve ser estudada não só como tecnologia mas, levando em consideração o conjunto de aspectos individuais, sociais e também tecnológicos.

A internet alterou a forma dos indivíduos de se relacionar, organizar, informar, e se reconhecer. A questão do tempo foi alterada, hoje com o uso da Internet é possível trocar informações, estabelecer diálogos e publicar notícias em um outro nível de velocidade, de maneira instantânea. Essa capacidade de se conectar ao mundo em questão de segundos é uma das grandes responsáveis pela ilusão de se sentir sempre presente, ou melhor, on-line. E redes sociais, ou seja, redes de conexão foram sendo criadas dentro de cada computador e diante de cada tela, um internauta conectado. A sensação de estar presente, de participar dessa rede se confunde com a ideia de estar presente em um lugar propriamente físico, porque a rede social passou a ser também um local de interação, mesmo que virtualmente. As pessoas passam a se apropriar da rede como local de encontro, de troca de mensagens, informações, imagens, sons, etc. Portanto, a Internet engloba um sistema complexo, no qual estão presentes relações de âmbito tecno-científico como também coletivas e individuais no que diz respeito as relações pessoais entre internautas.

Segundo a pesquisadora, a Internet proporciona meios para interação e sociabilização através da comunicação virtual fornecida pelo uso do computador, essas relações se dão na rede social que a autora define como uma estrutura, na qual, estão os atores (pessoas e grupos, aqueles que estão diante dos computadores) e suas conexões (interações). Os atores são representações, ou seja, identidades construídas para serem utilizadas no que ela chama de ciberespaço, local no qual, essas relações virtuais ocorrem. Essa representação pode ser tanto um usuário (um perfil em alguma rede social), como também um site, blog ou qualquer página que represente o internauta. Portanto, há no meio virtual uma necessidade de criação de uma espécie de personagem que será a faceta utilizada pela pessoa que estará diante da tela. No filme, Mariana e Martin trocam mensagens via uma espécie de bate-papo, sem saber que estão tão próximos fisicamente um do outro, que são vizinhos. Portanto, a Internet pode favorecer a construção de inúmeras facetas, diversos perfis que podem a longo prazo nos afastar de nossa verdadeira identidade, ou servir como apoio na hora de estabelecer relações e diálogos via web. Dessa forma, podemos pensar que os atores são os instrumentos representativos utilizados pelos internautas para se apropriarem do seu próprio território no ciberespaço. Segundo Recuero,

 ”essas apropriações funcionam como uma presença do “eu” no ciberespaço, um espaço privado e, ao mesmo tempo, público. Essa individualização dessa expressão, de alguém “que fala” através desse espaço é que permite que as redes sociais sejam expressas na Internet.” (RECUERO, Raquel, 2009, p. 27).

Dessa forma, há uma necessidade de expressão juntamente e paradoxalmente com uma necessidade de ocultar-se diante de uma persona criada e recriada para interações virtuais. Dessa forma, podemos perceber que há uma crescente tendência individualista, na qual, a necessidade de se expor ou se ocultar pode levar a uma postura de isolamento e/ou insegurança quando essas pessoas precisam estar diante de situações cotidianas do “cara-a-cara”.

A comunicação via web é dada através dessa troca entre atores mediada pelo uso do computador. Quando ambos internautas estão on-line é quando virtualmente estão presentes naquela interação, em que mensagens e informações podem ser trocadas imediatamente, em tempo real. No longa-metragem de Gustavo Tarreto, a medida que a luz é desligada e os computadores se desconectam, os personagens não podem mais manter o contato estabelecido. Esse tipo de comunicação entre internautas, Recuero chama de comunicação síncrona. Já as mensagens trocadas via e-mail, ou fóruns de conversa, como mensagens off-line são segundo a pesquisadora, assíncronas, quando não há a expectativa de uma resposta imediata.

As relações construídas pelos atores sociais no ciberespaço podem ser observadas entre os personagens do filme, no entanto, se trata de uma comunicação em que eles não tem consciência de quem realmente está diante do monitor. Portanto, se pode perceber que a Internet pode propiciar momentos de aproximação e afastamento dos indivíduos em suas relações sociais. Ou seja, no quesito distância, a web pode ser uma aliada para amenizar a sensação de afastamento de duas pessoas localizadas em locais distantes, mas também, pode se tornar um obstáculo na hora de iniciar novos relacionamentos, pois dependendo de como o indivíduo se apropria de suas ferramentas, ela pode dificultar momentos em que é preciso se expressar, se expor, entrar em contato consigo e com o outro verdadeiramente, sem qualquer tipo de mediação virtual.

 

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Referências Bibliográficas/ Audiovisuais

RECUERO, Raquel. “ Redes sociais da Internet”. Porto Alegre, 2009. p. 14 a 44.

TARRETO, Gustavo. “ Medianeras – Buenos Aires na Era do Amor Virtual” (longa-metragem). Buenos Aires, 2011.

 

 

01/06/2014

Crowdfunding – A Vaquinha da Modernidade

Por Jimmy M. Pitondo

Entre as muitas válvulas de escape em relação aos meios tradicionais que o uso da internet proporciona, podemos enxergar no Crowdfunding um dos fenômenos que mais crescem com as transformações de mercado engendradas por esse uso. O financiamento coletivo funciona como uma rota alternativa para todos que possuem ideias criativas e elaboram projetos artísticos, tecnológicos, acadêmicos, enfim, projetos para os quais seus criadores não têm dinheiro necessário para colocar em prática, ou seja, é uma forma interessante de driblar o empréstimo bancário ou o patrocínio das grandes produtoras, ainda que esse financiamento também passe pela mediação de organizações como: Catarse, Kickstarter, Ulule, KissKissBankBank, entre inúmeras outras. Assim, as famosas ‘‘vaquinhas’’ tão próximas ao nosso cotidiano, organizadas por grupos a fim de levantar fundos para qualquer objetivo, ganham uma nova roupagem no mundo virtual e um valor cívico real.

É o pesquisador estadunidense Clay Shirky (2011) quem nos mostra como as relações de mercado, entre outras formas possíveis, são um tipo de norma cultural que auxiliam as trocas de coisas ou informações entre os indivíduos. Dentro dessa arquitetura descentralizada da internet, essas normas culturais são modificadas ao longo do desenvolvimento de novas formas de relações mercadológicas. Agora nos cabe levantar algumas questões sobre o funcionamento dessas trocas nesse novo caminho, suas principais vantagens e, naturalmente, problemas em relação ao seu uso.

Primeiramente o financiamento coletivo esteve ligado ao cinema. Se lançarmos um olhar retrospectivo no tempo, especificamente em 1959, vamos encontrar John Cassavetes buscando o apoio dos nova-iorquinos para financiar seu filme Shadows, já nessa primeira tentativa a vaquinha obteve êxito. Mas há 50 anos quais eram os meios que John possuía? Eles estavam no rádio, nos jornais e no boca-a-boca. Já hoje, além dessa prática encontrar-se mais ligada ao campo da música e da tecnologia, nossos contemporâneos Cassavetes atuam principalmente nas redes sociais online, como Twitter ou FaceBook, onde em tempo real é possível estimular a curiosidade e o altruísmo dos internautas, dos seus amigos e amigos dos amigos em uma escala global. Essa dinâmica se afirma nessa nova cultura de comunicação, compartilhamento e difusão rápida de ideias. Os movimentos surgem e espalham-se por contágio através de redes de comunicação, seu impacto se evidencia quando olhamos a forma pela qual o poder se exerce na comunicação e na alternância entre várias redes, vemos então como esses movimentos carregam a dynamis necessária para transformações sociais, pois abrem novos espaços onde há transformação e superação de interesses e valores hegemônicos.

Manuel Castells (2013) explora essa questão de transformação social através dos movimentos sociais conectados em rede. Mesmo não sendo um movimento social propriamente dito, a prática do Crowdfunding surge como uma forma de contrapoder multimodal, por isso se torna possível aproveitar suas ideias sobre como essa organização em redes poder se tornar responsável por significativas mudanças sociais. Através da ampliação do alcance da comunicação que a internet proporciona, o surgimento de formas de financiamento coletivo pode então ser interpretado como um contrapoder em relação as grandes gravadoras ou aos órgãos de financiamento de pesquisa. Seu crescimento é exponencial, uma vez que ‘‘A constituição de redes é operada pelo ato da comunicação. Comunicação é o processo de compartilhar significado pela troca de informações’’ (CASTELLS. 2013:11)

Dentro desse universo de trocas, o idealizador do projeto é obrigado a ir além de sua função original, pois, para que obtenha sucesso em sua busca por investimentos é necessário saber interagir nas redes sociais online e ter capacidade de manter uma relação entre a rede que está inserido e as inúmeras outras adjacentes, função essa para a qual nem todos têm habilidades. Assim, por exemplo, ao invés do artista se limitar a fazer sua arte, deve encarnar o papel de empresário e demonstrar habilidade na comunicação alternativa, o que muitas vezes faz com que o mais habilidoso em marketing viral obtenha maior espaço de visibilidade, não necessariamente sendo o mais talentoso. Compreender o pensamento de Dênis Moraes (2007) acerca da comunicação alternativa é de suma importância para desenvolver essas habilidades necessárias:

A idéia de alternatividade fundamenta-se numa dupla inserção ideológica do projeto comunicacional: alinhamento com processos de mudança social: e o combate sistemático ao sistema hegemônico. Pressupõe assumir visões transformadoras na relação com os leitores e a sociedade em geral, nos métodos de gestão, nas formas de financiamento e, sobretudo, na interpretação dos fatos social. (MORAES. 2007:4)

Vejamos alguns dados para materializar o impacto no sistema hegemônico. O kickstarter fez um levantamento em 2013, seus dados indicam um investimento de mais de 400 milhões de dólares entre 3 milhões de internautas do mundo todo. Sendo quase 20 mil projetos bem sucedidos, entre eles, o Oculos Rift recentemente comprado pelo FaceBook por 2 bilhões de dólares. O que nos leva a inúmeras questões. André Senna, pesquisador do Atos – Comunicação e consumo: estudos de recepção e ética da ESPM, nos diz: ‘‘É interessante olharmos o caso do Oculus Rift. Ele foi financiado no Kickstarter, e deu tão certo que o FaceBook comprou há algumas semanas. Os apoiadores ficaram indignados e pediram reembolso! Mas e aí, Crowdfunding é doação ou investimento?’’ Assim como Clay Shirky mostra, quando criamos uma relação de mercado em cima de algo previamente fora dessa lógica, podemos modificar profundamente essas relações, nessa perspectiva os internautas deixam de ser somente apoiadores e podem se tornar co-produtores dos projetos, dessa forma essa relação passa de uma empresa compartilhada para uma transação de mercado

Muitas empresas tentam deixar clara essa linha entre doações e investimentos, assim como é feito pela empresa My Major Company que chega a oferecer um retorno financeiro em certos casos. Mas ainda assim enfrentou diversas críticas no âmbito da transparência em relação ao que é feito com o dinheiro e a chance de retorno do investimento. Organizações como Ulule e KissKissBankBank deixam claro que no caso do projeto não avançar, ou seja, não conseguir a quantia necessária, toda a operação é cancelada e o investimento devolvido aos financiadores. Com isso vemos nesse universo de financiamento coletivo uma pluralidade de situações e formas, com o surgimento de novas startups e os avanços da legislação sobre o tema, veremos um desenvolvimento profundo nesse tipo de ação. Agora, onde está o Brasil nesse universo?

Aqui em Pindorama é interessante notar a diferença do perfil dos apoiadores em relação ao exterior. Apesar de estarmos ainda engatinhando na compreensão da internet como uma ferramenta para além do trivial entretenimento, é possível enxergar um interesse maior em projetos culturais e sociais, enquanto no exterior o que prevalece são os projetos ligados a tecnologia e aos games, como no caso envolvendo o próprio criador do MegaMen em 2013, onde foram arrecadados via kickstarter quase 4 milhões de dólares para reviver o veterano jogo de ação. Já aqui também temos algumas organizações voltadas ao auxílio ao financiamento coletivo, entre elas, Catarse, Arrekade e a Vakinha Online. Em 2013 a banda Raimundos lançou seu último CD, Cantigas de Roda, com a ajuda de 1699 apoiadores e 123, 278 reais em contribuições, 68, 278 reais a mais do que o valor necessário para o desenvolvimento do projeto. Além de uma interessante vantagem relativa ao valor da contribuição, com 10 reais ou mais o apoiador ganhou o download antecipado e seu nome escrito na galeria dos apoiadores, 35 reais ou mais, todos os prêmios anteriores e mais o CD físico em casa; essa relação entre o valor doado e suas vantagens chegam até o patamar de 5 mil reais, no qual o indivíduo ganhou além dos prêmios já mencionados, um CD autografado, camiseta, Vinil, ingresso com backstage e camarim para qualquer show no ano seguinte com direito a acompanhante,entre inúmeros outros prêmios.

Dessa forma, esse é um universo cheio de possibilidades para ambos os lados, assim como Senna nos fala: ‘‘Cara, o Crowdfunding é uma ferramenta muito legal, senão a melhor, para tirar do papel ideias legais e desafiadoras que jamais iriam ao mercado por conta própria naquele momento. É uma forma de fazer arte e tecnologia que vai além do lucro por si só, pois, acaba engajando a comunidade. É um processo em amadurecimento: o surgimento do Kickstarter e Catarse mostram que o Crowdfunding pode ser mais que uma simples vaquinha virtual, e quando o processo se torna uma relação de troca, os resultados são bem melhores. Mas muitos ainda estão aprendendo a usar a ferramenta. Vejo o ceticismo aumentando nos próximos tempos, mas também vejo esse amadurecimento rolando. ’’ Naturalmente ainda há outras questões em aberto para discussões, o objetivo desse texto foi apenas ilustrar os principais pontos desse fenômeno em crescimento e, principalmente, evidenciar como o uso da internet através das redes acaba transformando por diversas formas determinadas relações sociais previamente asseguradas em contextos socioculturais e mercadológicos.

Contudo, qualquer tipo de conhecimento apenas ganha vida ao lado de mentes capazes de compreendê-lo, o uso desse conhecimento pelos brasileiros ainda em fase rudimentar, mostra como ainda é grande o caminho para melhorar o uso desse meio como uma ferramenta para reprogramar a organização econômica e cultural através de transformações sociais mais diretas e dinâmicas, condizentes com esse novo tempo de contrastes entre o velho e o novo na Modernidade, potencializado pela espontaneidade permitida pelos novos meios que possuem essa forma mais descentralizada e espontânea.

Bibliografia
CASTELLS, Manoel. Redes de Comunicação e Esperança: Movimentos Sociais na Era da Internet. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2013.
DENIS, Jacques. Crowdfunding, a Corrente da Amizade In Le Monde Diplomatique Brasil. São Paulo: Ano 7, nº 81, 2014.
MORAES, Dênis de. Comunicação Alternativa, Redes Virtuais e Ativismo: Avanços e Dilemas In Revista de Economía Política de Economia Política de las Tecnologías de la nformación y Comunicación www.eptic.com.br, vol. IX, Nº 2, mayo-ago. 2007.
SHIRKY, Clay. A Cultura da Participação: Criatividade e Generosidade no Mundo Conectado. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2011.

E-Links:

http://pesquisa.catarse.me/?ref=newsletter_pesquisa

https://www.kickstarter.com/year/2013/?ref=footer

http://catarse.me/pt/raimundos

https://www.kickstarter.com/projects/mightyno9/mighty-no-9

http://www.kotaku.com.br/oculus-rift-kickstarter-reembolso/

http://www.kotaku.com.br/kickstarter-nao-entregam-prometem/

31/03/2014

Índice de artigos

Filed under: Sem categoria — Rita Alves @ 00:04

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1. Cultura digital e produção cultural

Programação cultural on-line - por Fernanda Portela

Produtor, ouvinte, podcaster: Novas mídias e comunidades de colaboração em ambientes digitais - por Igor de Andrade

Radio e Internet: Parceria ou rivalidade? - por Alessandra Borges dos Santos

Funk ostentação: as mediações digitais de uma produção cultural popular e independente - por Carina Santos

La Evolución de la Relación entre Arte y Tecnología - por Jhocelyn Landeros

The Impact of Technology on the Music Industry - por Jhocelyn Landeros

Crowdfunding – A Vaquinha da Modernidade - por Jimmy Pitondo

A construção de significados nas redes sociais - por Guilherme Camargo Lima

Food for Thought - por Renata Nocera

 

2. Tecnologia e conhecimento

Tecnologia: inovações no ensino aprendizagem - por Olíria Ribeiro Costa

Kid’s online - por Olíria Ribeiro Costa

Arquivologia e o moderno: a conservação da preservação - por Jimmy Pitondo

Qual o futuro dos MOOCs? - por Vinicius Meneses

3. Cultura digital e sociabilidades

Demissões provocadas por publicações nas redes sociais - por Priscila Camazano

Novas estratégias para contratação? Habilidades no uso da Internet e o gerenciamento de privacidade online durante a procura de emprego - tradução de Vinicius Meneses

As relações afetivas na Era Digital - por Fernanda Portela

Rolezinho e cultura digital: formas de expressão e organização social dos funkeiros e seus impactos políticos - por Carina Santos

Cultura digital:  do  ”real X virtual”  ao  ”online/offline“ - por Rita Alves

Opiniões e Ódio na Internet - por Renata Nocera

Então não é pra ir ou é? – Eventos nas Redes sociais e seus objetivos por Alessandra Borges dos Santos

 

4. Cultura tecnológica e práticas políticas

Mais Axé pra ser Odara - por Ralph Sarlo

O ativismo mediático pelos herdeiros Mayas - por Juliane Duarte

Da democracia à revolução, como a internet está se tornando um instrumento político - por Marcio Nascimento Souza

Software Livre e o capital digital - por Juliane Duarte

Persepolis 2.0: Quadrinhos e ciberativismo - por Marcio Nascimento Souza

Com purpurina é que se luta - por Ralph Sarlo

Rede global de comunicação - por Priscila Camazano

A esfera pública e a participação política na internet - por Guilherme Camargo Lima

Partido Pirata: Cultura digital na política - por Igor Andrade

 

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