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Yoani Sánchez e sua luta através das Redes Sociais

MAGU TOZELLO

Durante a ditadura dos irmãos Castro, poucos cubanos ousaram expor as verdadeiras condições de vida dentro da ilha denominada Cuba. Atualmente, porém, temos como raro exemplo Yoani Sánchez, 37 anos, conhecida como a “blogueira cubana”, que apesar de agressões, ameaças diretas do governo, e até mesmo prisões, ousa desafiar a ditadura para revelar como é viver dentro desse hermético país.
Atualmente, é considerada uma perseguida política em Cuba, porém apesar disso, não pensa em exilar-se. Em outubro de 2012, após a aprovação da reforma migratória na ilha, eliminando a necessidade de obter autorização para sair do país, a blogueira foi finalmente capaz de iniciar uma viagem internacional por 12 países, entre eles o Brasil, com duração de aproximadamente três meses. Sua viagem foi financiada por organizações internacionais, amigos, e também parentes, não recebendo ajuda de partidos políticos ou governos. No decorrer de sua estadia no Brasil, enfrentou situações bastante adversas.
Durante uma palestra em uma livraria de São Paulo, foi recebida tanto com cartazes e gritos de apoio, quanto com de protesto, estes realizados por simpatizantes cubanos. Quanto ao ocorrido nessa ocasião, não se abalou, e tal fator não denegriu a imagem que possui da democracia brasileira. Afirma que “Foi uma maneira de comprovar como funciona na prática um Estado democrático. Eu ficaria muito feliz se em meu país pudéssemos sair pelas ruas e protestar contra uma declaração de um funcionário do governo. Impedir que a informação flua é fanatismo. Essas pessoas falam com base em estereótipos e clichês. A elas recomendo que passem um tempo na Cuba real, não destinada aos turistas. Com mercado racionado, falta de liberdades, dualidade monetária, asfixia política, asfixia econômica, expressiva, e vamos ver quantos desses continuaram pensando dessa forma.”, disse Yoani em entrevista exclusiva ao G1, em fevereiro. Ao longo de sua permanência em São Paulo, encontrou-se também com o governador Geraldo Alckmin, que a chamou de revolucionária dos tempos modernos devido à liberdade de expressão que possui nas redes sociais.
Para Sánchez, “Cuba é a ilha dos desconectados”, parecendo à sua vista um absurdo vista de longe. Segunda ela, vive em uma aldeia medieval, onde se limita a liberdade de expressão, não há eleições multipartidárias, e que vai ao sentido contrário da maioria dos países do mundo. No entanto, com a recente morte de Hugo Chávez, principal aliado do país, a blogueira acha possível a realização de reformas na ilha, pois provavelmente haverá o corte do amplo subsídio que Cuba recebe da Venezuela, tendo assim que abrir suas fronteiras a outros países.
Já a repercussão e imagem da blogueira cubana internacionalmente encontram prós e contras. Seus vínculos com o governo americano são muito conhecidos. Devido a isso, muitos afirmam que a blogueira na verdade trabalha para a CIA. Enquanto isso, o Wikileaks vazou 11 documentos da diplomacia americana onde constam registros de reuniões de Yoani Sánchez com agentes do escritório de interesses americano desde o ano de 2008. Tais vazamentos indicam que o sucesso da blogueira possui grande influência americana, que nos documentos demonstram apreensão em mensagens pessoais de Sánchez, que poderiam comprometê-la internacionalmente.
Quanto ao seu blog, Generacion Y, está bloqueado há mais de um ano para os que tentam acessá-lo de Cuba, podendo ser acessado somente fora da ilha. Dentro dele, Sánchez explora temas diversos, não somente criticando a forma de governo dentro de seu país. Sua página é traduzida para inúmeras línguas, entre elas o português. Sua página principal no Facebook foi criada em março de 2012, e conta com cerca de 770 curtir, o que pode ser considerado um número insignificante perto de suas outras páginas nas redes sociais. Atualmente, a página de seu blog encontra-se fora de rede. Seu Twitter, no entanto, é considerado bastante polêmico. Através de uma pesquisa feita pelo jornalista francês Salim Lamrani, palestrante da Universidade de Sorbonne, França, os dados são bastante controversos. Em um artigo da Carta Capital sobre o assunto, é descrito que a blogueira contava com 214 mil seguidores em fevereiro, dos quais apenas 32 vivem em Cuba. Porém, a blogueira cubana segue cerca de 80 mil perfis, um número totalmente elevado para uma só pessoa. Segundo o jornalista, cerca de 50 mil são seguidores fantasmas, usuários que não são seguidos por ninguém, e seguem apenas a cubana, ou contas inativas. Para Lamrani, Yoani Sánchez utiliza sites de troca de seguidores para aumentá-los e parecer mais popular na rede. Em troca de receber novos seguidores, ela precisa segui-los de volta, explicando-se assim a razão da blogueira seguir tantas pessoas no Twitter.
Em suma, apesar das divergências sobre a sua figura, podemos considerá-la uma pessoa intrépida por enfrentar um regime onde a população não possui o menor resquício de democracia ou liberdade de expressão, tendo-se como exemplo claro essa privação de direito à internet aos cidadãos cubanos.

Referências:

http://noticias.uol.com.br/blogs-e-colunas/coluna/jorge-ramos/2013/04/17/a-ameaca-a-yoani-sanchez.htm
http://www.jb.com.br/informe-jb/noticias/2012/03/05/investigacao-descobre-fraude-da-blogueira-cubana-yoani-sanchez/
http://veja.abril.com.br/071009/tres-mentiras-cuba-p-19.shtml
http://www.bluebus.com.br/blogueira-cubana-ja-foi-denunciada-pelo-wikileaks-em-11-documentos/
http://g1.globo.com/mundo/hugo-chavez/noticia/2013/03/morte-de-hugo-chavez-causara-reformas-em-cuba-diz-yoani-sanchez.html
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/02/em-visita-memorial-yoani-sanchez-evita-ser-comparada-revolucionarios.html
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/02/yoani-sanchez-volta-enfrentar-protestos-em-encontro-em-sao-paulo.html
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/02/yaoni-diz-que-se-sentiu-amordacada-por-manifestantes-brasileiros.html
http://www.cartacapital.com.br/internacional/jornalista-frances-levanta-suspeitas-sobre-atividades-da-blogueira