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Wikileaks: O novo Jornalismo contra o Confidencialismo.

FELIPE GARRIDO

Primeiramente, o que é o WikiLeaks? Antes de qualquer coisa gostaria de introduzir a organização. Wikileaks é organização online internacional sem fins lucrativos que tem como objetivo criar a maior transparência possível dentro do campo das noticias e das informações. A organização revela diversos documentos secretos que envolvem empresas e governos para defender a sociedade com o conhecimento. Sua estrutura é formada por algumas pessoas, mais ou menos 5, que trabalham integralmente no site e quase 1000 pessoas que trabalham ocasionalmente além de inúmeros contribuidores. Seu creditado fundador, Julian Assange em 2012 pediu exilo político ao Equador. A Organização, que teve inicio em 2006, é “hosteada” em diversos servidores com diversos nomes de domínio para que assim não possa ser rastreada.

Capa da Revista Time de Dezembro 2010

Capa da Revista Time de Dezembro 2010

Dentro de seu primeiro ano de funcionamento, o Wikileaks clamou que teria um arquivo de mais de um milhão de documentos em sua posse para divulgação. Seus métodos de jornalismo extremo incitarão as mais diversas reações em prol e contra o grupo, muitos falam de este ser o inicio de um novo jornalismo fazendo do uso do rápido spread que a internet disponibiliza um jornalismo investigativo da nova geração e das novas ferramentas de mídia, adaptando-se contra a censura e controle exercido por governos e grandes corporações. O outro lado da moeda, e nós podemos até imaginar quem seriam estes, clamam que este grupo, esta organização, este novo meio de jornalismo, cria um grande risco. É claro que cria um grande risco, documentos classificados como secretos que são enterrados o mais abaixo de nossos pés possível, o mais distante de nossos olhos e conhecimento que se consegue deve conter em suas paginas, se divulgadas, um grande risco… risco este para quem os esconde pois estes documentos, pelo menos em minha visão e opinião, tem em suas milhares linhas de informações que, se divulgadas, causariam a maior revolta e repudio contra seu coveiro que logo quer enterra-los e lá deixa-los longe do conhecimento publico. Um novo grupo surgiu da oposição do Wikileaks, estes se denominam como Antileaks, uma organização de norte americanos que condena o que o Wikileaks promove, colocando as ações e objetivos da organização no patamar de terrorismo e criando ataques cyberneticos ao site para que este fique fora do ar (os Distributed denial-of-service (DDoS) que tem como objetivo “flodar” um servidor com trafico para que este atinja um ponto que não possa receber mais nenhuma visita).

Retirado de: http://good-wallpapers.com/wall.php?category=computers&id=10552&width=1024&ratio=1.6

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Coloco aqui uma de minhas mais preferidas frases de um dos meus mais queridos filmes que, alias neste filme (ou seus quadrinhos da DC Comics que gerou o filme) fez nascer um dos mais novos símbolos do cyber ativismo que é a mascara de Guy Fawkes, usada pelo “herói” da mais instigante e bem relacionada com nosso tema historia. Sem mais delongas, eis a frase: “O povo não deve temer seu governo, o governo que deve temer seu povo” e por governo, favor também entender grandes corporações. O Wikileaks nada mais quer fazer do que desenterrar estes segredos e coloca-los em praça publica a visão de todos. Eles querem incitar o poder do povo que jaz adormecido e esquecido apenas pelo povo, por que os que se escondem sabem do poder que o povo tem em sua movimentação.

Retirado de: http://1.bp.blogspot.com/-ijoDnD0bPQI/UCim2OAvxII/AAAAAAAAAFc/cQ_uH5Wlf84/s1600/v_for_vendetta_by_movabletype-d4ni2vb.jpg

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Como diria Castells, esta era é a era da auto-comunicação de massas que procede a comunicação compartilhada. Seu funcionamento é a rápida divulgação possível pelas redes sociais de uma mensagem que se propaga do micro ao macro: pequenos grupos agora tem a capacidade de gerar uma comunicação, dividir uma informação a respeito de um determinado tópico rapidamente. O Wikileaks ganha uma alta visibilidade pela sua rápida propagação e divulgação de documentos. Ele faz de uso da dinâmica atual da, se me permitem dizer isso, “mídia internet” do jeito mais eficiente e inovador e luta contra o poder de domínio e controle sobre a internet. Castells mesmo afirma que o controle que se tenta exercer sobre a internet por governos ou similares é frágil, a tentativa de controle de informações deve ser combatida pelo povo, como dito antes, dormente. Castells também fala que quem tem o poder tem a maior facilidade de controlar os meios midiáticos e que o poder quer se conservar, mas para que isso seja possível, ele deve exercer o maior controle possível sobre a informação aonde a internet trás em seus meios de uso e divulgação uma capacidade muito mais flexível e sem restrições. A internet é uma nova e importante variável na equação do poder e controle de informações e o Wikileaks usa esta variável a seu favor em defesa da transparência política, social, econômica e cultural.

CASTELLS, Manuel. Comunicación y Poder. Editora Alianza , 2009
CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
http://wikileaks.org/ – acessado em 23/05/2013 as 23:00h
http://rt.com/ – acessado em 23/05/2013 as 23:30h
Filme – V de Vingança (V for Vendetta) de 2006.

Yoani Sánchez e sua luta através das Redes Sociais

MAGU TOZELLO

Durante a ditadura dos irmãos Castro, poucos cubanos ousaram expor as verdadeiras condições de vida dentro da ilha denominada Cuba. Atualmente, porém, temos como raro exemplo Yoani Sánchez, 37 anos, conhecida como a “blogueira cubana”, que apesar de agressões, ameaças diretas do governo, e até mesmo prisões, ousa desafiar a ditadura para revelar como é viver dentro desse hermético país.
Atualmente, é considerada uma perseguida política em Cuba, porém apesar disso, não pensa em exilar-se. Em outubro de 2012, após a aprovação da reforma migratória na ilha, eliminando a necessidade de obter autorização para sair do país, a blogueira foi finalmente capaz de iniciar uma viagem internacional por 12 países, entre eles o Brasil, com duração de aproximadamente três meses. Sua viagem foi financiada por organizações internacionais, amigos, e também parentes, não recebendo ajuda de partidos políticos ou governos. No decorrer de sua estadia no Brasil, enfrentou situações bastante adversas.
Durante uma palestra em uma livraria de São Paulo, foi recebida tanto com cartazes e gritos de apoio, quanto com de protesto, estes realizados por simpatizantes cubanos. Quanto ao ocorrido nessa ocasião, não se abalou, e tal fator não denegriu a imagem que possui da democracia brasileira. Afirma que “Foi uma maneira de comprovar como funciona na prática um Estado democrático. Eu ficaria muito feliz se em meu país pudéssemos sair pelas ruas e protestar contra uma declaração de um funcionário do governo. Impedir que a informação flua é fanatismo. Essas pessoas falam com base em estereótipos e clichês. A elas recomendo que passem um tempo na Cuba real, não destinada aos turistas. Com mercado racionado, falta de liberdades, dualidade monetária, asfixia política, asfixia econômica, expressiva, e vamos ver quantos desses continuaram pensando dessa forma.”, disse Yoani em entrevista exclusiva ao G1, em fevereiro. Ao longo de sua permanência em São Paulo, encontrou-se também com o governador Geraldo Alckmin, que a chamou de revolucionária dos tempos modernos devido à liberdade de expressão que possui nas redes sociais.
Para Sánchez, “Cuba é a ilha dos desconectados”, parecendo à sua vista um absurdo vista de longe. Segunda ela, vive em uma aldeia medieval, onde se limita a liberdade de expressão, não há eleições multipartidárias, e que vai ao sentido contrário da maioria dos países do mundo. No entanto, com a recente morte de Hugo Chávez, principal aliado do país, a blogueira acha possível a realização de reformas na ilha, pois provavelmente haverá o corte do amplo subsídio que Cuba recebe da Venezuela, tendo assim que abrir suas fronteiras a outros países.
Já a repercussão e imagem da blogueira cubana internacionalmente encontram prós e contras. Seus vínculos com o governo americano são muito conhecidos. Devido a isso, muitos afirmam que a blogueira na verdade trabalha para a CIA. Enquanto isso, o Wikileaks vazou 11 documentos da diplomacia americana onde constam registros de reuniões de Yoani Sánchez com agentes do escritório de interesses americano desde o ano de 2008. Tais vazamentos indicam que o sucesso da blogueira possui grande influência americana, que nos documentos demonstram apreensão em mensagens pessoais de Sánchez, que poderiam comprometê-la internacionalmente.
Quanto ao seu blog, Generacion Y, está bloqueado há mais de um ano para os que tentam acessá-lo de Cuba, podendo ser acessado somente fora da ilha. Dentro dele, Sánchez explora temas diversos, não somente criticando a forma de governo dentro de seu país. Sua página é traduzida para inúmeras línguas, entre elas o português. Sua página principal no Facebook foi criada em março de 2012, e conta com cerca de 770 curtir, o que pode ser considerado um número insignificante perto de suas outras páginas nas redes sociais. Atualmente, a página de seu blog encontra-se fora de rede. Seu Twitter, no entanto, é considerado bastante polêmico. Através de uma pesquisa feita pelo jornalista francês Salim Lamrani, palestrante da Universidade de Sorbonne, França, os dados são bastante controversos. Em um artigo da Carta Capital sobre o assunto, é descrito que a blogueira contava com 214 mil seguidores em fevereiro, dos quais apenas 32 vivem em Cuba. Porém, a blogueira cubana segue cerca de 80 mil perfis, um número totalmente elevado para uma só pessoa. Segundo o jornalista, cerca de 50 mil são seguidores fantasmas, usuários que não são seguidos por ninguém, e seguem apenas a cubana, ou contas inativas. Para Lamrani, Yoani Sánchez utiliza sites de troca de seguidores para aumentá-los e parecer mais popular na rede. Em troca de receber novos seguidores, ela precisa segui-los de volta, explicando-se assim a razão da blogueira seguir tantas pessoas no Twitter.
Em suma, apesar das divergências sobre a sua figura, podemos considerá-la uma pessoa intrépida por enfrentar um regime onde a população não possui o menor resquício de democracia ou liberdade de expressão, tendo-se como exemplo claro essa privação de direito à internet aos cidadãos cubanos.

Referências:

http://noticias.uol.com.br/blogs-e-colunas/coluna/jorge-ramos/2013/04/17/a-ameaca-a-yoani-sanchez.htm
http://www.jb.com.br/informe-jb/noticias/2012/03/05/investigacao-descobre-fraude-da-blogueira-cubana-yoani-sanchez/
http://veja.abril.com.br/071009/tres-mentiras-cuba-p-19.shtml
http://www.bluebus.com.br/blogueira-cubana-ja-foi-denunciada-pelo-wikileaks-em-11-documentos/
http://g1.globo.com/mundo/hugo-chavez/noticia/2013/03/morte-de-hugo-chavez-causara-reformas-em-cuba-diz-yoani-sanchez.html
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/02/em-visita-memorial-yoani-sanchez-evita-ser-comparada-revolucionarios.html
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/02/yoani-sanchez-volta-enfrentar-protestos-em-encontro-em-sao-paulo.html
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/02/yaoni-diz-que-se-sentiu-amordacada-por-manifestantes-brasileiros.html
http://www.cartacapital.com.br/internacional/jornalista-frances-levanta-suspeitas-sobre-atividades-da-blogueira