O consumo é condição essencial para o bom funcionamento da economia de um país, porém, a busca desenfreada por lucros e superioridade econômica, fez nascer o desenvolvimento da cultura do consumo, da sociedade do consumo, onde consumir sempre mais é sinônimo de bem-estar.
O marketing assumiu importante papel nesse sentido, influenciando a sociedade a comprar, comprar e comprar, mesmo sem ter necessidade, pois o marketing cria necessidades, provoca desejos, através da dissonância cognitiva, por exemplo, estimula o comportamento de consumo.
Porém, o sistema de produção de bens materiais utiliza recursos naturais finitos para poder abastecer a sede de consumo da sociedade. Eis que temos um problema, com a sociedade consumindo cada vez mais e com os recursos naturais se esgotando, como vamos garantir o futuro das próximas gerações?
As empresas, junto ao governo, assumem importante papel no sentido de inverter este quadro, que foi criado por ela mesmo – e pelo governo –, ao buscar o lucro acima de tudo. Contudo, o consumismo está inserido no cotidiano de cada um – com exceção das pessoas economicamente desfavorecidas –, já faz parte da cultura, tornou-se para muitos o motivo de existência, e deletar esse comportamento é praticamente impossível. Porém, nada impede que esse comportamento seja substituído, passe por uma reforma. Assim como as empresas e o governo criaram essa cultura, podem modificá-la.
Os produtos produzidos pelas empresas precisam ser procurados, comprados e consumidos, e para que isso aconteça existe a intermediação do marketing. Com uma “preocupação global” acerca do fim dos recursos naturais e da degradação ambiental, as empresas precisam dar um novo sentido à produção e ao marketing, integrando a responsabilidade socioambiental nas suas atividades.
O ser humano precisa consumir para sobreviver, as empresas precisam vender para sobreviver e o país precisa dessa troca entre empresa e consumidor, assim como a sociedade porque dessa troca surgem os empregos e a geração de renda. Porém, esse consumo não precisa ser excessivo, pode ser sustentável, na medida em que as empresas e o governo o promovam.
Sustentabilidade não é um nicho do mercado, deve estar inclusa em todas as ações empresariais e governamentais, é um diferencial competitivo quando se considera que os “consumidores verdes” preferem “produtos verdes” na hora da compra. Sustentabilidade é um novo padrão de produção, venda e consumo dos bens materiais.
Um marketing sustentável começa na identificação das oportunidades e termina no pós-venda. As organizações precisam – mesmo que por meio de incentivos, subsídios, taxações do governo – perceber como suas ações impactam no meio ambiente e que a responsabilidade é cada vez maior e tem que ser assumida. Se foi possível criar um comportamento de consumo, agora o marketing pode criar um comportamento de consumo consciente, informando mais, enganando menos, sendo apenas uma forma de expor os produtos ao mercado.
Os profissionais precisam entender que as empresas estão em um sistema, no qual interagem com entidades que devem ser beneficiadas e não prejudicadas com suas ações. São responsáveis por promover as mudanças nas organizações inserindo uma nova visão acerca do mundo empresarial, uma nova forma de produzir e vender produtos, respeitando o meio ambiente e a sociedade.
São diversas ações que podem e devem – e já existem muitos casos – ser praticadas pelas empresas para termos um mundo mais sustentável. Mas, o grande passo é influenciar a sociedade, a grande massa dos consumistas a seguir o caminho da redução do consumo, do consumo consciente, do consumo de produtos sustentáveis – os quais, por falta de escala, ainda são muito caros –. Para isso é preciso que as pessoas se tornem sustentáveis, que compreendam que não é o consumo excessivo que garante o bem estar, que esse bem estar pode estar comprometido assim como o “estoque” de recursos naturais.
A culpa pelo desequilíbrio não deve ser atribuída em sua totalidade aos consumidores, visto que foram influenciados o tempo todo a manifestar um tipo de comportamento que fosse favorável aos interesses capitalistas.
A responsabilidade é de todos, tanto dos consumidores quanto das empresas e governos. Porém, quando as empresas e os governos começarem ações em prol da sustentabilidade os consumidores seguirão o mesmo caminho. Ainda há pouca consciência da sociedade para que ela “puxe o carro” sozinha, ela não foi educada para pensar no todo, pensar em tudo que consome, no ciclo dos produtos, nunca houve essa preocupação. E também a sociedade não possui representatividade para poder influenciar as ações governamentais, apenas as empresariais porque constitui o mercado consumidor.
Estamos em uma nova era, onde todas as entidades devem interagir e influenciar mudanças para o bem do todo, onde a educação assume papel fundamental. Não é apenas a era da sustentabilidade, é a era do conhecimento. Ações individuais de muitos significam ações coletivas, e o coletivo pode muito mais.