Violências da Democracia e genocídio juvenil
O projeto de pesquisa surgiu com a instauração, em fevereiro de 2015, da Comissão da Verdade da Democracia “Mães de Maio” junto à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, com o apoio de deputados e defensores públicos, da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos. Se, inicialmente, as comissões da Verdade finalizadas em 2014 trataram do período da Ditadura, esta Comissão da Verdade da Democracia foi constituída para tratar das violências deste período democrático, especialmente o genocídio em curso contra a população pobre, negra e periférica a partir dos acontecimentos de maio de 2006, quando cerca de 500 pessoas, a maioria jovens, foram mortas em apenas 15 dias em SP e em circunstâncias ainda não esclarecidas.
O grupo de pesquisa, de composição híbrida e transdisciplinar, passou então a estruturar-se sob quatro eixos:
>> Vulnerabilidade socioeconômica, juventude e violência.
Partindo da hipótese que a violência, tendo os jovens como atores, está correlacionada a sua condição de vulnerabilidade socioeconômica, apresentará e interpretará dados estatísticos referentes a América Latina, Brasil e Grande São Paulo, buscando identificar o agravamento da vulnerabilidade desses jovens e os impactos resultantes do aumento da violência, em função do desequilíbrio de forças do Estado e sociedade, na geração da concentração da pobreza.
> > Forma Jurídica da Letalidade Policial
Eixo conceitual e metodológico que pretende refletir sobre a lógica punitiva defendida por pelo Sistema Penal Brasileiro em relação às mortes decorrentes do confronto entre agentes públicos de segurança e a população; visa também analisar o discurso jurídico que permeia a resposta do Estado ante os inúmeros casos de assassinatos com envolvimento das polícias; propõe-se ainda a comparar o discurso que permeia o procedimento jurídico relacionado à letalidade policial no período democrático e o presente nos documentos que concernem às mortes de civis relacionadas à estrutura de opressão substanciada durante a Ditadura Militar.
>> Genocídio juvenil e movimentos latino-americanos de resistência: gerações, imagens e territórios
Tomando o Movimento Independente Mães de Maio de SP como foco principal e ponto de partida, aborda os movimentos latinoamericanos de resistência e enfrentamento do genocídio juvenil em perspectiva histórica (Mães da Praça de Maio da Argentina) e transnacional (grupos de mães e familiares de vítimas do México, Colômbia, Costa Rica e outros), passando pelo recorte territorial (Vila Brasilândia) e geracional (mães militando por seu filhos assassinados ou desaparecidos).
>> Os usos das redes sociais nos enfrentamentos das violências e do genocídio juvenil.
As mídias digitais vêm se mostrando fundamentais para denúncias, articulação de debates e mobilizações contra a violência e genocídio juvenil. As ferramentas digitais em conjunto com os movimentos sociais, tais como as Mães de Maio de SP proporcionam a ampliação da discussão sobre diversos temas relacionados às novas práticas políticas de resistência à violência contra os jovens. A análise dos usos das mídias digitais na ação política em defesa da juventude através do monitoramento das redes contribuirá para compor o mapeamento desses sujeitos sociais.
Investigadores:
Profa. Dra. Rita de Cássia Alves Oliveira (Faculdade de Ciências Sociais)
Profa. Dra. Elizabeth Borelli (Faculdade de Economia e Administração)
Prof. Dr. Pedro Javier Aguerre Hughes (Faculdade de Economia e Administração)
Profa. Dra. Lucia Helena Vitalli Rangel (Faculdade de Ciências Sociais)
Profa. Dra. Rosemary Segurado (Faculdade de Ciências Sociais)
Alexis Milonopoulos (mestre em Ciências Sociais pela PUC/SP)
Francine Ribeiro Santos (mestranda pela UFABC)
Roberth Miniguine Tavanti (doutorando em Psicologia Social pela PUC-SP)
Daniela Baccelli (estudante de Ciências Atuariais, bolsista PIBIC-CEPE)
Felipe Augusto Silva Matos (estudante de Serviço Social, bolsista PIBIC-CEPE)
Gabriela Carrocini de Oliveira Monico (estudante de Direito, bolsista PIBIC-CNPq)
Gabriela Mendes Chaves (estudante de Economia, bolsista PIBIC-CNPq)
Rodrigo Soares Teruel Soares (estudante de RI, bolsista PIBIC-CNPq)