Nós não queremos mais do que podemos,
Não queremos velhos discursos,
Nem chantagens arcaicas.
Não fazemos mais do que seja nosso,
Não palpitamos em vão,
Nem cruzamos os braços à contemplação.
Invadimos as ruas,
Os cinemas,
As praças,
Os transportes.
Pintamos cartazes,
Fazemos poesia,
Rap, dança,
Grafitamos nosso próprio
Muro.
Ocupamos o abandonado,
Revitalizamos o destruído,
Valoramos o desperdício,
Plantamos no prejuízo.
Somos do contra,
Encontra,
Em cena.
Somos o todo,
No palco,
Sem idade,
No cotidiano dos dias.
Não esperamos pela flor comprada,
Nem pela voz doada.
Fazemos.
Dizemos.
Ocupamos.
Somos.
Somos a anedota
e a
Lágrima,
A cidade
e a
Pessoa.
Circuito ininterrupto,
Constante,
Destoante,
Diverso,
Reprodutor
De novas
Reconquistas.
NathalyaG – 05/05/2012 – 15:59
O poema escrito acima foi uma das formas que tomou o último Ocupa Sampa que teve início no dia 12 de maio e que se estendeu até o dia 15 com a programação cheia durante esses dias.
Barracas, geradores, um bicicletário, crianças, jovens e adultos, um sábado de sol. Foi esse o cenário de São Paulo que se conectava a outros Ocupas e Acampas do mundo. O Ocupa foi um chamado mundial inspirado no Occupy Wall Street e se espalhou por vários países, principalmente os europeus.
O Ocupa Sampa do ano passado aconteceu no Vale do Anhangabaú contando com participações e apoios de várias pessoas, institutos e organizações; entretanto, a ajuda mesmo veio daqueles não filiados, não pertencentes e não institucionalizados. A onda dessa ocupação e dessa movimentação, além de ter um traço juvenil, condiz com a não hierarquização de pessoas e poderes, busca na cooperação e no auto gerir fazer vir à tona novas formas de participação, cidadania, luta e resistência so sistema capitalista, principalmente.
A ocupação desse ano em Sampa foi na Praça Charles Müller no Pacaembu. O poema e a foto acima, surgiram de uma visita rápida no primeiro dia. Mesmo que a chuva tenha afastado um pouco a movimentação e a realização de algumas atividades marcadas durante a semana, a intenção e a voz do momento foi feita, a espontaneidade e o fluxo que liga São Paulo a outras capitais mundiais não se desfez em água; pelo contrário, marcou e enfatizou a luta que continua.
Post, Foto e Poema: Natalia Garcia
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