Nota sobre Ecologia e crítica da sociedade moderna (Marcuse, 1979) – Por Odair Sass

14/11/2021 by: teoriacritica

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Nota sobre Ecologia e crítica da sociedade moderna (Marcuse, 1979) – Por Odair Sass*

Para situar a chamada crise climática que ora o planeta enfrenta, ao mesmo tempo que a acumulação da riqueza é concentrada, cada vez mais, nas mãos de uns poucos capitalistas, a par do aumento inescrupuloso da miséria da maioria das pessoas e da expansão do potencial de destruição da vida no planeta, indicados pelas mortes em massa associadas à fome, às epidemias e pandemias, às catástrofes ambientais de correntes do descongelamento das geleiras polares, extinção de espécies animais, desmatamento criminoso das florestas, entre outras ameaças em escala planetária, é primordial considerar que a iminência da destrutividade geral, constada por Marcuse, em sua conferência,  proferida em 1979, registre-se, ano de seu falecimento (publicada no site Terra Redonda em 12/11/2021 – acesse pelo link https://aterraeredonda.com.br/ecologia-e-critica-da-sociedade-moderna/), é examinada à luz da indissociabilidade do sistema social fundamentado na exploração sem freios e exponencial do capitalismo tanto das criaturas disponíveis, particularmente, a humana, quanto da natureza extra-humana.

Por isso, a destrutividade geral incide sobre a destruição material e das condições objetivas, sendo indissociável da destruição do sujeito, moldando, no plano psicológico, meticulosamente indivíduos dotados de uma consciência conformista, defensora do sistema vigente, condição necessária para que o sistema social perpetue a sua racionalidade irracional e destrutiva.

A exposição, portanto, sustenta-se em uma das premissas fundamentais da Teoria Crítica da Sociedade, sintetizada pela exigência de que uma teoria social crítica deve manter “a inflexão para o sujeito”, em sua relação com e estrutura social. Repondo, tal como procedeu ao longo de suas obras, Marcuse, recorre à teoria da pulsões, de vida (Eros) e de morte (Tânatos), e o princípio de realidade que a elas se impõem. A luta entre energia voltada à vida e à busca do prazer e a energia voltada à destruição e à morte, reiteradamente ressaltada por Freud, é a referência para Marcuse apontar para o potencial político, crítico e de resistência, do “movimento ecológico como político e psicológico de libertação”, à medida que pode ser considerado uma alavanca que pode interromper a engrenagem ameaça iminente da destruição geral e contribuir para a “pacificação da existência da humanidade e dela com a natureza externa ”, como Marcuse referia-se à utopia tangível.

 

* Professor do Programa de estudos pós-graduados em Educação: História, Política, Sociedade da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Coordenador do Grupo de Pesquisa Teoria Crítica, Formação e Cultura da da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

 

 

 

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