Arquivo da tag: Fortaleza

Fortaleza, globalização e cultural

por Ana Carolina Duarte

Movido pela busca de informações, o turista agrega os novos conhecimentos à interação com outras pessoas, comunidades e lugares. Motivados pela curiosidade sobre costumes e tradições, turistas do mundo inteiro procuram a identidade cultural de cada lugar que visitam.São conceitos encontrados em todo o Estado, que se destaca também pela preocupação em preservá-los. Rico em artesanato, o Ceará produz peças em crochê, madeira, cerâmica, bordados, vime, palha, bambu, tricô e renda.Na cultura o destaque fica para o centro de Fortaleza com prédios históricos e museus. As praças do Ferreira e General Tibúrcio são as mais importantes por terem em sua vizinhança prédios históricos. Na praça do Ferreira tem-se vários prédios históricos com destaque para o Cine São Luiz com um hall de entrada muito luxuoso. Na praça General Tibúrcio tem-se o Museu do Ceará que conta a história do estado, a Academia Cearense de Letras, primeira do gênero no Brasil, e a Igreja do Rosário, primeira igreja de Fortaleza. O Theatro José de Alencar, obra exuberante em art nouveau e a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção são patrimônios nacionais tombados, sendo lugares de grande visitação.

Principais atrativos turísticos de Fortaleza:

  • Praia do Futuro;
  • Praia de Iracema;
  • Cano Quebrada;
  • Beira-mar;
  • Ponte dos Ingleses;
  • Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura;

Canoa Quebrada Fortaleza

 

Foto: Canoa quebrada – Jean Guebec

Famosa por suas belas praias, Fortaleza é uma cidade que, incontestavelmente, possui o litoral como um dos principais atrativos turísticos. O problema, entretanto, é quando outras áreas, diante disso, passam a ser “secundárias”, pois acabam esquecidas como “arquivo” da história e da cultura. Para as férias, que tal praticar o chamado turismo cultural e, quem sabe, conhecer a cidade a partir de edificações no Centro?

Por meio de visitas, descobertas e entendimentos acerca das mudanças e curiosidades da cidade são possíveis. Afinal, detalhes contam a nossa história, como o fato de que a Estação Ferroviária João Felipe foi construída em cima do Cemitério de São Casimiro; que a líder revolucionária cearense Bárbara de Alencar foi presa no Forte Nossa Senhora da Assunção; e que outro revolucionário, o jangadeiro Chico da Matilde, deu nome ao Centro Dragão do Mar… Enfim, é saber o que aconteceu e como chegamos aos dias de hoje.

“Com o turismo cultural, em pontos históricos, pode-se conhecer cada localidade. Na verdade, só se conhece de verdade um lugar ao se entrar em contato com os patrimônios históricos. Sem esse turismo, não se sabe nem como se formou a cidade”, observa o mestre em Turismo e doutorando em Geografia, José Solon Sales e Silva.

Segundo ele, que também é professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) e do Instituto Federal do Ceará (IFCE), o olhar mais interessado sobre o Centro possibilita inclusive que se saiba como houve a evolução até do próprio fortalezense.

O contraste, como alerta Solon, é que “o próprio fortalezense não se conhece. Alguns nunca foram ao Centro”. Para o professor do Doutorado em Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Eustógio Dantas, doutor em Geografia, isso acontece também pelo fato de que, em cidades litorâneas, há uma preferência pelas praias. Sendo, portanto, o fluxo turístico para os patrimônios secundário. “Os usuários tendem a se render aos apelos das praias. Poucos descobrem a possibilidade de relaxar diante das belezas existentes dos patrimônios”.

Até mesmo porque, acrescenta o professor da UFC Eustógio Dantas, o fortalezense não possui um vínculo ou apego tão forte com a cultura, se comparados a outras cidades como Recife e Salvador. “São como judeus, cidadãos do mundo, se adaptam em vários lugares”. Por outro lado, como critica o professor José Solon, há também a ausência de infraestrutura e as mudanças pelas quais passaram a cidade que atraíram a atenção para outras áreas. Por exemplo, Solon cita a questão a tão falada insegurança no Centro, que acaba por afastar a população do bairro.

Ulf Hannerz (1990),em artigo sobre cosmopolitas e locais menciona a mudança na concepção de cosmopolitismo ao longo das diferentes décadas, citando um estudo de Robert Merton em que este aponta a Segunda Guerra Mundial o sujeito cosmopolita como aquele que ultrapassava os limites da localidades no qual habitava, vivendo inserido em uma nação. Hoje segundo Hannerz é a integração internacional que determina a universalidade. Uma cultura mundial é criada através de um entrelaçamento de culturas locais diversificadas, sem um apoio nítido de um território especifico. Para o autor, ideia cosmopolita não está necessariamente e unicamente ligada ao deslocamento concreto, mas antes, a um estado mental, uma forma de administrar o significado que revela uma orientação e um forma de se envolver com o outro.

Isso está ligado com a questão do descaso com o patrimônio de Fortaleza pelo Fortalezense, eles não estão ligados a sua historia ao seu patrimônio, abandonam sua cultura de origem e vivem hoje em uma cultura global. Não apena em Fortaleza, mas em muitas cidades pelo mundo esse fenômeno acontece.

Outro agravante, é o forte “investimento” comercial e financeiro em outros bairros, como Aldeota e Montese. “As pessoas perderam o hábito de ir ao Centro. Agora, o bairro é frequentado pela população de baixa renda, pois na periferia não se oferecem os serviços buscados”.

Conclui que,uma das maneiras de reverter o “descaso” com os patrimônios históricos do Centro seria o investimento em políticas públicas de incentivo ou, até mesmo, a criação de estruturas, como estacionamentos e mais segurança. Também, defende o professor da UFC Eustógio Dantas, deve acontecer um investimento maciço na formação e na sensibilização das crianças desde as escolas. “Não é errado que se valorize o litoral. O problema é que tem de haver uma maior sensibilização para que toda essa riqueza cultural também seja explorada”, frisa. Até porque, como resume José Solon, “não se pode ensinar o que não conhece”. Por isso, é necessário sensibilizar e disseminar a importância desses pontos históricos. A Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor) reconhece que o hábito dos fortalezenses de optar pelo turismo cultural no Centro ainda não é o desejado. Porém, como justifica a coordenadora de Planejamento e Informações da Setfor, Tatiana Braga, os turistas de outros estados praticam esse turismo. E, para incrementá-lo, mudanças, parcerias e políticas públicas são previstas para o futuro e algumas já vêm acontecendo. Em relação à visibilidade dos patrimônios, diz que a AMC, já sinalizou os patrimônios para os condutores de veículos.

Bibliografia:

Global e local: cosmopolitismos

HANNERZ, Ulf. “Cosmopolitas e locais na cultura global”. IN: FEATTHERSTONE, Mike. Cultura global: nacionalismo, globalização e modernidade. Petrópolis, Vozes, 1999, pp. 251-265.

 

http://plsql1.cnpq.br/buscaoperacional/detalhepesq.jsp?pesq=8736988978589366

 

http://www.portal-fortaleza.com/

 

http://defender.org.br/2010/07/20/fortalezace-turismo-cultural-e-esquecido-na-capital-cearense/

http://www.opovo.com.br/

http://professoresviajantes.blogspot.com.br/2012/11/artesanato-nordestino-bom-bonito-barato.html