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Madagáscar – Do turismo predatório ao turismo sustentável.

por Yago Giacomo

Este artigo tem como objetivo desenvolver um estudo da história de Madagáscar, e como o turismo impactou e chegou nessa grande, é uma ilha localizada no oceano Índico, Madagáscar é a quarta maior ilha do mundo depois da Groenlândia, Nova Guiné e Bornéu, sendo maior que a França e um pouco menor que o Texas. A ilha foi separada do resto do continente africano há mais de 150 milhões de anos e devido a isso a maiorias das plantas e animais encontrados lá não existem em nenhum outro lugar do mundo. Por ser tão remota, Madagáscar só foi povoada por seres humanos nos últimos 2 mil anos, os Malagasy, como são chamadas as pessoas que nascem na ilha, são descendentes de povos da Indonésia, que atravessaram o oceano Índico e vieram parar em Madagáscar. Povos árabes e africanos chegaram mais tarde e também fizeram contribuições importantes para a cultura da ilha. A costa leste de Madagáscar era território de piratas até que os franceses colonizaram a ilha, no final do século XIX. A independência veio em meados de 1960 e hoje Madagáscar é um estado democrático, A capital, Antananarivo, fica mais ou menos no meio da ilha, a língua oficial em Madagáscar é o Malgaxe e o Francês.

A população de Madagáscar é de aproximadamente 10 milhões de habitantes e a aparência das pessoas, assim como suas tradições e hábitos religiosos, variam muito de uma região para a outra. Assim como acontece no Brasil, apesar das diversidades regionais, o povo Malagasy é unido por uma só língua. Madagáscar tem uma grande riqueza cultural. Existem mais de 20 grupos étnicos, desde os Merina que descendem dos indonésios e vivam nas montanhas, até os Sakalava que vieram da África e vivem na costa oeste e os Antaimoro, que vivem no outro lado da ilha e são descendentes de povos árabes.

A ilha de Madagáscar tem um dos maiores índices de biodiversidade do planeta, aproximadamente 75% das espécies de plantas e animais de Madagáscar são endêmicas, o que significa que elas só são encontradas lá e em nenhum outro lugar do planeta. A ilha é morada para alguns animais bem estranhos, como os lémures, os tenrecs (que parecem um porco-espinho), camaleões de todas as cores, a fossa e vários outros bichos. Infelizmente, muitos desses animais únicos e muito raros estão ameaçados de extinção por causa da caça e da destruição das florestas onde eles vivem. Madagáscar é conhecida por seus estranhos animais e lindas florestas mas a verdade é que a ilha vem sofrendo de grandes problemas ambientais. As florestas da ilha são desmatadas por causa de suas madeiras nobres e a erosão destrói os solos. Madagascar é um dos países mais pobres do mundo e várias pessoas dependem dos recursos naturais para sua sobrevivência. A maioria dos Malagasy não tem a possibilidade de se tornar um médico ou advogado; eles precisam viver da terra e tirar dela o máximo possível. O custo da pobreza da população é pago por Madagáscar e pelo mundo com a perda das espécies endêmicas. Cada vez que Madagáscar perde uma dessas espécies, uma planta ou um animal que não existe em nenhum outro lugar do mundo é extinto para sempre.

Madagáscar é um dos países mais pobres do mundo. A sua economia se baseia principalmente na agricultura, mineração, pesca e produção de roupas, um dos produtos mais conhecidos de Madagáscar é a baunilha, que vem de uma orquídea e é usada no mundo inteiro pra dar sabor à alimentos. Os grãos de baunilha precisam de pelo menos 2 anos para crescer, o que faz do produto uma especiaria cara. Apesar dos preços relativamente altos da baunilha, um Malagasy ganha em média 1 dólar por dia. 70% da população do país está abaixo da linha da pobreza e quase metade das crianças menores de 5 anos sofrem de desnutrição.

Por que Madagscar é tão pobre? Existem várias razões. Nos tempos do ditador Didier Ratsiraka o governo era extremamente corrupto e roubou grande parte do dinheiro país. Madagascar era uma colônia de exploração, o que signifca extração dos recursos naturais ao máximo, e nenhum investimento e crescimento econômico. A falta de infra-estrutura, especialmente estradas, dificulta a vida dos fazendeiros, que não tem como transportar a sua produção, o que é agravado pelo fato de Madagascar ser uma ilha e estar isolada, o que aumenta os preços e dificulta o comércio. Tudo que Madagascra quer importar ou exportar fica mais caro. Um sistema de educação fraco impede que os ovens Malagasy consigam bons empregos e poucas pessoas têm acesso à tecnologias ou à internet. A além de tudo isso, a destruição do meio-ambiente reduz a capacidade dos agricultores de produzir comida. Todos esses fatores contribuem para a pobreza de Madagascar.

Mas nem tudo está perdido. Em 2005 o governo de Madagascra anunciou a descoberta de grande uma quantidade de petróleo. O petróleo deve ser parte fundamental do futuro econômico de Madagascar, junto com a mineração, a exploração de pedras preciosas (Madagascar tem muitas safiras) e o turismo. O ecoturimo, uma forma de turismo que minimiza os impactos no meio-ambiente, pode ajudar a economia de Madagascar e ao mesmo tempo proteger a natureza e a vida selvagem.

- Turismo em Madagascar :

Talvez por o turismo nunca ter tomado grandes proporções, em Madagáscar, a presença de visitantes estrangeiros tem resultado numa lenta tomada de consciência em relação ao que se pode perder. Mais do que isso, começa a ser um travão contra o desflorestamento e destruição maciça das áreas selvagens, que já reduziram a floresta deste belíssimo país a cerca de 10% da sua totalidade. Madagáscar pode gabar-se de ter mais de duzentas mil espécies de animais, e só entre as endémicas contar-se milhares de insetos, centenas de sapos e de répteis, cinco famílias de aves e cerca de duzentos mamíferos que incluem os famosos lémures, da família dos primatas, mais o ponto forte da sua divulgação foi com o filme Madagáscar, que gerou 50% a mais de turistas por ano na ilha.

Há muitos outros lugares em Madagáscar que recorrem a um turismo sustentável para complementar o modo de vida tradicional, afastando-se do terrorismo turístico. Do lado de quem viaja, é importante dar apoio e reconhecer esta abordagem tão simples, que consiste apenas em manter o que há, e mostrá-lo. Madagáscar tem um potencial incrível para o turismo mais como não investe em infra-estrutura não consegue suprir todos os quesitos que o turista precisa ter, então vira um turismo de massa, e o turismo é visto como uma praga para os habitantes locais, por isso o governo de Madagáscar tenta investir no turismo sustentável , que tem como objetivo atender simultaneamente às necessidades dos turistas e das comunidades receptoras, protegendo e ampliando as oportunidades para o futuro.

Promover o turismo sustentável é gerenciar todos os recursos implicados na atividade turística, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e ambientais possam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida.

Se por um lado o turismo predatório pode levar ao esgotamento dos recursos naturais, assim como à descaracterização cultural e desequilíbrio social, o turismo sustentável é composto pelos mesmos pilares do desenvolvimento sustentável – eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica. Além disso, o turismo sustentável visa o fortalecimento da atividade turística a longo prazo, sustentada na preservação ambiental e cultural que qualificam o destino turístico, gerando benefícios sociais permanentes.

Outra alternativa  é o ecoturismo, que visa a preservação do meio ambiente e da cultura local, o Ecoturismo é uma forma responsável de se viajar, que contribui para a preservação ambiental e o bem-estar da população local , o  Ecoturismo também não significa somente proteger o meio ambiente. O conceito também inclui questões de política de desenvolvimento, que o ecoturismo deve contribuir para que grupos locais possam lutar contra a pobreza e se desenvolver de forma sustentável. Além disso, os turistas devem ter a oportunidade de aprender mais sobre a cultura do país para onde viajam e interagir com a população local.

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Sobre todos esses aspectos do turismo sustentável e do ecoturismo  a globalização que é considerada devastadores para muitos , para Madagáscar pode ser um ponto chave para a sua economia local , como diz (Stuart Hall)  : “As identidades nacionais tem sido alguma vez tão unificadas ou homogêneas quanto fazem crer as representações que delas se fazem. Entretanto, na história moderna, as culturas nacionais têm dominado a “modernidade” e as identidades nacionais tendem a se sobrepor a outras fontes, mais particularistas, de identificação cultural.

O que é importante que  para nosso argumento quanto ao impacto da globalização sobre a identidade da cultura local, é que Madagáscar pode usufruir dessa globalização para tentar se impulsionar no cenário mundial ,como no exemplo dos seus três filmes , Madagascar aumentou drasticamente o seu turismo em seus territórios , com mais de 70 milhões de espectadores no mundo inteiro , Madagascar começou a ser mais vista , e desejada por todos os turistas do mundo inteiro , dessa forma se Madagáscar conseguir investir no seu projeto de turismo sustentável e ecoturismo , a Ilha pode também ser um impacto positivo no turismo e se auto sustentar a exemplo de Fernando de Noronha.

 

Bibliografia:

Do turismo predatório ao turismo sustentável: uma revisão sobre a origem e a consolidação do discurso da sustentabilidade na atividade turística –  Nathália Körössy

Global e local: identidades contemporâneas

HALL, Stuart. “Globalização” e “O global, o local e o retorno da etnia”. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro, DP&A, 2006, pp. 67-89.

http://www.youtube.com/watch?v=-5LMxeAN9Lo

http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/regionalizacao_turismo/estruturacao_segmentos/ecoturismo.html

 

 

Fernando de Noronha – Uma Pérola do Brasil

por Yago Giacomo

Este Artigo tem como objetivo desenvolver um estudo da história de Fernando de Noronha, e como o turismo impactou nesse incrível arquipélago, a história de Fernando de Noronha pode ser dividida entre antes e depois que a ilha foi vista com um potencial turístico.

É considerado como data oficial do descobrimento de Fernando de Noronha o dia 10 de agosto de 1503, a partir de documentos existentes do navegador Florentino Américo Vespúcio, que liderou  uma das embarcações da frota de 6 navios da expedição. O arquipélago começou há aproximadamente 12 milhões de anos, sobre uma série de erupções vulcânicas, com 21 ilhas, o arquipélago de Fernando de Noronha se localiza sobre um vulcão sobre qual a base tem 74 km de diâmetro e está a 4.200 metros de profundidade. Extinta há mais de 20 mil anos, a cratera vulcânica submersa faz parte de uma cadeia de montanhas da parte Atlântica da placa sul-americana.

Foram se passando anos, e o arquipélago foi transformado em um presídio. Foram esses presidiários os responsáveis por erguer todo o patrimônio edificado e sistema viário que interliga as diversas vilas e fortes. Por medida de segurança, para evitar fugas e esconderijos, praticamente toda a vegetação original foi desmatada, o que resultou na alteração do clima da região.

FOTO FERNANDo

 

Entre 1938 e 1945 Fernando de Noronha serviu novamente como colônia penal, desta vez, um presídio político. Esta condição voltou a prejudicar o meio ambiente local, devido à importação de espécies de fauna e flora e ao desmatamento desenfreado.

“Com sua natureza exuberante, o arquipélago de Fernando de Noronha é hoje sinônimo de paraíso ecológico. Mas antes de ser um badalado destino turístico, a ilha foi, por bastante tempo, um lugar do qual era preferível manter distância. Isso porque, ao longo de mais de duzentos anos, abrigou um presídio. Para lá que eram enviados criminosos e, por um curto período, presos políticos. O local de belas praias e paisagens chegou a ser conhecido como “depósitos de desvairados”. afirma Sandra Veríssimo, historiadora e coordenadora do acervo documental de Fernando de Noronha.

Alguns desses prédios estão lá até hoje, como a Vila de Nossa Senhora dos Remédios. A alimentação também ficava por conta deles: fabricavam farinha, pescavam e cultivavam a terra. Se por um lado a infraestrutura era precária, por outro, podiam levar a família mediante autorização.  Era quase impossível fugir, por isso não eram necessárias normas rígidas ou muitos guardas no presídio.

Até 1988 foi um território federal, onde era governado só por militares. Neste mesmo ano, a constituinte a juntou a Pernambuco, mas José Sarney, na época presidente da república , cria o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha e delimita uma área de 112km2 entre terra e mar , que hoje é gerenciada pelo IBAMA.

Mais foi no dia 7 de dezembro de 1972, que 42 pessoas desembarcam de um avião do Exército em Fernando de Noronha, dando origem ao turismo na ilha. Tendo um potencial incrível para se desenvolver o turismo, o arquipélago de Fernando de Noronha é tido por muitos como a joia do ecoturismo brasileiro por toda sua beleza e exuberância. Sendo a única ilha oceânica do Brasil com operações de mergulho, Noronha tem uma incrível riqueza marinha, sendo que no Parque Nacional Marinho é atingido por uma corrente marinha vinda da África, que mantém a temperatura da água quente o ano todo.

Hoje Fernando de Noronha vive da exploração racional do turismo, dentro das limitações impostas pelo seu incrível ecossistema e da atividade pesqueira, esta em caráter artesanal e voltada para o consumo interno. Além do interesse histórico mencionado anteriormente, o arquipélago foi alvo de atenção de vários cientistas que se dedicaram a estudar sua fauna, flora, geologia, geomorfologia, entre outros. Um dos primeiros trabalhos foi publicado há mais de 100 anos, por Pocock (1890). Posteriormente, Bjornberg (1954); Lopes e Alvarenga (1955); Almeida ( 1958); Paiva (1967) entre vários outros.

Fernando de Noronha conta com 1000 leitos e o número de visitantes permitidos por dia é de 246 pessoas, ou seja, são cerca de 800 visitantes circulando pela ilha, em período normal. Nas épocas de festas como o Réveillon, esse número pode dobrar. Nos meses de março a junho Noronha sofre com a baixa estação. Uma das medidas do estado (de Pernambuco) são as campanhas que são realizadas para promover o turismo em Noronha nesses meses, pois além de ser mais barato o custo das passagens e da viagem em si, a ilha não fica superlotada. O órgão que atua na ilha do Governo Federal é um desmembramento do IBAMA, o ICM Bio, e junto com a administração da ilha tem um controle rígido sobre o número de pessoas que entram na ilha.

Como Cita Luciana Carvalho (2013): Acredito que a gente consegue preservar a ilha, principalmente restringindo o número de pessoas e continuar com a nossa campanha no aeroporto. Ao chegar em Fernando de Noronha, é passado dois vídeos, enquanto os visitantes esperam na esteira, falando o que pode e o que não pode na ilha, informando que ele está chegando em um Parque Nacional Marinho, numa área de preservação ambiental que deve ter cuidado com o meio ambiente e a forma que ele deve se comportar. A grande preocupação são com os turistas desavisados, porém a maioria dos visitantes da ilha são diferenciados e já sabem como se comportar.

Concluísse que o turismo sustentável traz novas alternativas econômicas e consequentemente está diretamente associada ao envolvimento da comunidade nos projetos de educação ambiental e sustentabilidade, , além de reduzir os impactos negativos, causados pelo turismo tradicional. Com esse tipo de turismo racional Fernando de Noronha se sustenta, e consegue manter intacta sua cultura local, o que é o mais difícil se conseguir hoje em dia,

A preservação da ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco, está diretamente associada ao envolvimento da comunidade nos projetos de educação ambiental e sustentabilidade. Como cita Cynthia Gerling,(2010) : Nós fazemos reuniões quinzenais no Projeto Golfinho Rotador sobre o tema sustentabilidade, que é muito importante para o nosso dia a dia. Cada ação que a gente faça, desde lavar uma louça ou uma roupa como da forma de escovar o dente e tomar banho, que seja da melhor forma possível no sentido de usar os recursos naturais da forma mais inteligente e racional possível. Agora, a gente está querendo introduzir nas pousadas esse mesmo conceito da sustentabilidade”, Em sete anos, o Golfinho Rotador capacitou 1,5 mil moradores em cursos profissionalizantes de ecoturismo. Um instrutor ajuda e acompanha quem mergulha pela primeira vez. Muitas trilhas e passeios em Fernando de Noronha só podem ser feitos com um guia.Todo lixo produzido em Noronha tem que sair da ilha. “Todo lixo que chega em Fernando de Noronha, ele vai para a usina de compostagem, onde é separado, é compostado e encaminhado para o continente. O lixo orgânico é transformado em adubo e disponibilizado para a comunidade, para hortas, jardins e o que eles pretenderem fazer.

O turista pode ser o ponto chave para impulsionar muitas cidades, inclusive Fernando de Noronha mais o turista em si é divido em dois grupos segundo Bauman ,   Em suas obras sobre pós-modernidade, e sobre globalização, Bauman destaca esta metáfora para ilustrar quem são os heróis e as vítimas do capitalismo flexível, afirmando que “a oposição entre os turistas e os vagabundos é a maior, a principal divisão da sociedade pós-moderna”,uma sociedade marcada por um tempo espaço flexível, em mutação constante, onde o que vale é a habilidade de se mover. Valem portanto os turistas, aqueles que recusam qualquer forma de fixação; movimentam-se porque assim o preferem; saem e chegam em qualquer tempo e a qualquer espaço para realizarem seus sonhos, suas fantasias, suas necessidades de consumo e seu estilo de vida. Já os vagabundos “são luas escuras que refletem o brilho de sóis brilhantes; são os restos do mundo que se dedicaram aos serviços dos turistas.

Partindo desta reorganização no turismo segundo Baumann, e essa perda de identidade do próprio turista , Maria Celeste Mira fala da perda de identidade da própria cultural local também com essa globalização massificada ,  (Maria Celeste Mira) : “A desterritorialização coloca em circulação pelo planeta um volume enorme e uma dinâmica vertiginosa de atuação do capital , cuja mobilidade descaracteriza cada vez mais a sua nacionalidade”.

Portanto, assim analisamos que há varias formas de se pensar em turismo, com a globalização fazendo mudanças drásticas, em certas situações, mais  Fernando de Noronha com o seu turismo sustentável investe de forma muita intensa na capacitação do seus profissionais , e do seus moradores de jovens à idosos , sendo assim Fernando de Noronha se enquadra em um impacto positivo dentro do turismo , Segundo Barretto (2004) as ciências econômicas estudaram os impactos positivos, referente ao dinheiro proveniente dos turistas que entram em uma localidade. Através da Geografia, os problemas gerados pelo excesso de habitantes temporários, causados ao meio ambiente natural e humano passaram a receber maior atenção. Os impactos na cultura local, provocados pelo contato entre padrões culturais diferentes, influenciando mudanças nos hábitos locais por aculturação, estudados pela Antropologia. Estes estudos entende-se que o turismo tem um importante papel no campo econômico, cultural e na troca social. Por este motivo é de fundamental importância conhecer as percepções e atitudes dos residentes em localidades turísticas acerca dos impactos gerados pelo turismo em seus lugares de residência.

Sendo assim Fernando de Noronha é a cidade brasileira que mais arrecada com o turismo , e dessa forma consegue se auto sustentar , de uma forma considerada incrível.

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Referências Bibliográficas :

 

Globalização, fluxos e mobilidades

BAUMAN, Zigmunt. “Turistas e vagabundos”. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de Janeiro, Zahar, 1999, pp. 85-110.

O global e o local

MIRA, Maria Celeste. “O global e o local: mídia, identidades e usos da cultura”. In: Revista Margem, n.3, dezembro de 1994, p. 131-149.

IMPACTOS DO TURISMO X COMUNIDADE LOCAL , Sandra Dall’Agnol , Faculdades de Xaxim/SC – Celer.

O livro Fernando de Noronha 3°50′S 32° 24′W , Almirante-Historiador Max Justo Guedes 

 

Uma nova Ibiza, onde festa não é sua cultura originária.

por Lucas Morais

Ninguém pensa em Ibiza como uma ilha historicamente importante, somente a resumem em uma ilha badalada. Mas por quê? Tudo se dá devido a história do seu desenvolvimento turístico, que ao decorrer dos anos, ao se tornar de massa, ganhou uma dimensão que fugiu do controle dos órgãos públicos, criando assim uma imagem que perdura até os dias de hoje: festas, sexo e drogas. Vejamos só como a CI (Central de Intercâmbio) vende a cidade Ibiza, capital da ilha de mesmo nome: “Sol, praia, gente bonita e (muita) festa. Combinação perfeita que faz de Ibiza a capital mundial da balada e uma das ilhas mais calientes do planeta. Neste paraíso natural espanhol, são 18 km de praias belíssimas, com areia branquinha e água azul cristalina do Mediterrâneo. Só não estranhe o topless, liberado e bastante comum por lá.” (Fonte: http://www.ci.com.br/guia-mundo/especial-cidades.ibiza), percebe-se como é ressaltada a vida agitada da cidade durante esta descrição, se continuarmos lendo a sua apresentação, veremos praticamente a mesma preocupação sendo constante: mostrar a diversão de Ibiza, mas não o conhecimento que ela soma ao individuo que a visita. Esta é a atual dificuldade da ilha, mudar seu conceito e recuperar a sua importância histórico-cultural no produto turístico, trabalho que a mesma vem executando arduamente e assunto que discutiremos no decorrer deste artigo.

Primeiramente vamos entender a ilha Ibiza, ok?
Localizada a leste da Espanha, é parte do arquipélago e das famosas Ilhas Balneárias do país. Sua história é rica, embora ainda pouco comentada na sua oferta, mas vamos aqui sintetizar para efeito introdutório ao local: Há dados documentados de assentamento humano desde o século VII a.C., com a chegada dos fenícios que a batizaram pelo nome “Ibosim” – que significa “cidade do deus Bes” -, ficou anos sobre o domínio dos fenícios, até ser conquistada pelo império romano e seu nome se mudar para “Ebusus”, mais tarde passou para as mãos dos mulçumanos e se converteu em “Yabisa”, somente no século XII foi conquistada pelos catalães, e foi neste período que se originou o nome “Elvissa”, foi então aí que finalmente passou fazer parte do reino da Espanha como Ibiza – tradução de Elvissa.
A ilha tem 571 km quadrados, na qual a sua capital pelo mesmo nome ocupa somente 11,4 km quadrados, o menor município territorialmente dos cinco que ali habitam e a maior em densidade demográfica, considerada uma cidade cosmopolita, pois convivem hoje com cerca de 100 nacionalidades estrangeiras distintas que representam 20% da população total, ou seja, uma cidade que trata bem as diferenças culturais e tenta adequar alguns pontos, como a gastronomia, se tornando confortável a vivencia nela.

Após esta pequena introdução histórica, vamos compreender o motivo pela qual ocorreu a criação desta imagem que se perdura, construindo um linear do seu desenvolvimento turístico no decorrer dos anos.
A herança cultural das diferentes civilizações que passaram pela ilha se manteve intacta durante séculos e foi o principal atrativo para os primeiros viajantes que a frequentavam, na sua maioria artistas, sobretudo escritores como Walter Benjamin, Rafael Alberti, Émile Michel Cioran, em princípios dos anos 30. Em fins dos anos 50, a sua beleza natural deslumbrou pintores que encontrou inspirações diferentes e vivas, fugindo do Ocidente Industrial do pós-guerra.
Esse encanto ancestral foi valorizado também pelos hippies que buscavam espaço de liberdade e forma de vida simples ligada à natureza. Porém a partir dos anos 60 esta preocupação foi sendo sufocada pela invasão de um turismo de massa que assolou toda a costa da Espanha, eram na sua maioria pessoas ricas, jovens e estrangeiras provenientes da Inglaterra, França, Alemanha e Itália. Sabemos que os anos 60 foi um período de crescimento econômico na Europa, o que explicaria este turismo de massa como um reflexo deste aumento de recursos econômicos e Ibiza como apenas um local que se aproveitou desta oportunidade para dar um aceleramento na sua economia local, pois segundo Margarita Barretto em um modelo econômico são os turistas que constituem a demanda e os que criam atrações e/ou as próprias atrações, juntamente com os prestadores de serviços, que constituem a oferta. Logo, não teria muita demanda, se a oferta não aumentasse em paralelo, percebe-se então nesta fase um crescimento descontrolado de redes hoteleiras, restaurantes e casas noturnas, proporcionando assim oferta para esta nova demanda, jovens ricos em férias paradisíacas e regadas de muita festa e diversão, fama que foi se dissipando pelo mundo e se constitui a imagem de ilha badalada.

Claramente este interesse econômico foi maior do que a preocupação de manter a sua cultura local preservada, como em vez de ser conhecida como o lugar da música eletrônica, ser conhecida como o da música “Ball Pagés” – ritmo do baile tradicional primitivo -, hoje considerada folclórica e voltou a ser representada nesta busca que a Ilha faz de recuperar suas importâncias de origem. A resistência demorou, mas veio a tona a partir dos anos 90, fazendo assim em 1999 a sua candidatura para integrar a lista de Patrimônio Mundial ser entregue, e em dezembro do mesmo ano foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, por um critério misto de biodiversidade e cultura. Como discutido pelo Gilles Lipovetsky e Jean Serroy em “A cultura-mundo” e também pela autora Maria Celeste Mira em seu texto “O global e o local: mídia, identidades e usos da cultura”, a erradicação das diferenças culturais pelo mercado não resiste ao exame dos fatos, pois em um momento há o fortalecimento destas diferenças. Por isto o surgimento do termo globalização, a ação de pensar global e agir local, pois as identidades culturais típicas de cada são fenômenos bem vivos, a gestão intercultural empenha-se em combinar o universal com o particular, o racional com o tradicional, a unidade moderna com a diversidade dos costumes. Embora Ibiza tenha demorado para entender este termo, houve a necessidade de proteger a Ilha de apagar sua memória e então a busca de valorizar sua história e valores. Começaram com restauração de todos os edifícios e centros históricos, musealização de recintos amuralhado e de resquícios arqueológicos e com uma mudança no seu Plano Diretor do Turismo, que foi reconhecido como Plano de Excelência e teve a gestão de Elisenda Belda. O Plano mostra como a ilha, que é uma Meca do turismo mediterrâneo, procura livrar-se da imagem de cidade do turismo predatório do sexo, drogas e discotecas para organizar-se de acordo com a sua nova condição de patrimônio da humanidade, conforme plano cultural que busca harmonizar preservação do ambiente, turismo sustentável e cultura.

Embora é importante a valorização histórico-cultural da ilha, a mesma deve trabalhar de uma forma que mescle estes interesses e atenda aos diversos públicos, claro que tentar erradicar o turismo sexual existente seria e é o ideal, mas erradicar a cultura eletrônica agora instalada é de tudo mudar totalmente a estrutura construída para esta demanda, digo assim as redes hoteleiras e as casas noturnas. Estes são não-lugares (lugares não antropólogo) construídos para passagem rápida dos visitantes, mas que muitas vezes por alguma lembrança ali criada se tornaram lugares para muitos turistas, pois como cita Marc Augé “O lugar e o não-lugar são, antes, polaridades fugidias: o primeiro nunca é completamente apagado e o segundo nunca se realiza totalmente.”, os residentes locais sempre buscarão manter suas raízes e os visitantes, embora que de passagem – e em lugares muitas vezes construídas para isto -, muitas vezes iniciar-se uma nova história ali, como o conhecer um novo namorado ou qualquer outra coincidência da vida.
Portanto, apresentamos uma nova Ibiza, onde encontramos outros valores e hoje busca a valorização destes, mas acrescentamos que um bloco da história não deve ser apagada e sim compartilhada, podendo assim talvez em um novo plano diretor, tentar mesclar estes diferentes segmentos do turismo e atender aos diversos públicos, aos jovens e aos aproveitadores deste conteúdo histórico-cultural da ilha.

Fonte: http://www.ibiza.travel/tools/upload/articulos/art_00270_img_02.jpg

Fonte: http://www.ibiza.travel/tools/upload/articulos/art_00270_img_02.jpg

Fonte: http://www.ibiza.travel/en/empresa.php?fid=1252&ct=monuments

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Fonte: http://www.ibiza.travel/en/empresa.php?fid=1260&ct=monuments

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Fonte: http://www.ibiza.travel/es/ballpages.php

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Fonte: http://www.ibiza.travel/es/articulo.php?fid=784&ct=playas

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Referências Bibliográficas:

LIPOVETSKY, Gilles e SERROY Jean, “Cultura-mundo como mitos e como desafios”. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada. São Paulo, Cia das Letras, 2011, p. 110-147.

MIRA, Maria Celeste. “O global e o local: mídia, identidades e usos da cultura”. In: Revista Margem, n.3, dezembro de 1994, p. 131-149.

AUGÉ, Marc. “Dos Lugares ao Não-lugares”. Os não-lugares, Papirus Editora, p.71-105.

HANNARZ, Ulf. “Cosmopolitas e locais na cultura global”. IN: FEATTHERSTONE, Mike. Cultura Global: nacionalismo, globalização e modernidade. Petrópolis, Vozes, 1999. p. 251-265.

BELDA, Elisenda. “Reinventando Ibiza a partir da cultura”. A Cidade pela Cultura. São Paulo, Editora Iluminuras / Itaul Cultural, 2008, p. 153-160.

KING, Russel. “A geografia, as ilhas e as migrações numa era de mobilidade global”. Actas da Conferência Internacional –  Aproximando Mundos: Emigração, Imigração e Desenvolvimento em Espaços Insulares, Lisboa, Fundação Luso-Portuguesa, 2010, p. 27-62.

KORMIKIARI, Profa. Dra. Maria Cristina Nicolau. “Movimentação Fenício-Púnica no Mediterrâneo Ocidental: novas perspectivas a partir dos estudos em arqueologia na paisagem”. IN: Mare Nostrum, ano 2012, n. 3.

http://www.ibiza.travel/en/index.php

http://europa.eu/about-eu/eu-history/1960-1969/index_pt.htm

http://www.ibiza.travel/img/descargas/1_en_mapa_playas.pdf

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0508200719.htm

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/10/burguesia-brasileira-eua-manias-discretas.html

Turismo em massa na Ilha de Páscoa

por Luiz Ortiz

Os 5 mil habitantes da Ilha de Páscoa não gostam dos turistas ou gostam somente em pequenas doses. Nesse isolado território chileno, que fica a 4 mil km de Santiago existem cerca de 1.300 eleitores (mais de 96% do total) e em 2009 aprovaram, no dia 24 de outubro do mesmo ano, uma reforma da Constituição que deverá dar às autoridades da ilha do Pacífico um controle maior sobre seus fluxos migratórios.
Um referendo popular, organizado pelo governo de Santiago, respondia às preocupações dos habitantes, na sua maioria de origem polinésia.
Os nativos denunciam o impacto negativo do turismo e da imigração sobre sua cultura, o patrimônio e o ecossistema da ilha, um pequeno paraíso de somente 164 km2.
Como diz Marc Augé no texto “Não Lugares”, – Se um Lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá um não lugar. -
Com o aumento de pessoas com outras culturas e identidades, com o tempo, acabaram “mesclando” a cultura local com a cultura trazida de fora. Assim a cultura milenar cultural vai sendo subtraída aos poucos.
A Ilha de Páscoa, descoberta em 1722 pelos holandeses, exerce uma fascinação sobre os viajantes do mundo inteiro. Todos os anos, 50 mil turistas visitam suas praias, suas paisagens vulcânicas e suas centenas de Moais.
A construção dessas imponentes estátuas de pedra, que pesam toneladas e medem até 20 metros de altura, continua sendo um mistério. Alguns habitantes chegam a falar em participação de extraterrestres…
Em uma parte do texto de Maria Celeste Mira, “O global e o local: mídia, identidades e usos da cultura”, ela diz algo muito interessante: “O que me parece realmente novo são as relações que se
estabelecem entre o global e o local, sem passar pelo nacional.”
A Ilha de Páscoa fica no Chile, porém, muitos turistas não conhecem o “Chile”.
A viagem se restringe apenas ao seu local de origem, sua zona de conforto e o local visitado.
Em 2009 após negociações com as autoridades da ilha, o governo chileno havia instaurado, em setembro, um sistema de formulários de migração para “melhorar a informação sobre os visitantes”, segundo o vice-ministro chileno do Interior, Patrício Rosende. Os turistas deveriam detalhar o motivo, a duração e seu local de hospedagem em um “formulário especial de visitante”, que teriam que preencher ao desembarcarem no aeroporto de Santiago, o único a atender Rapa Nui, nome polinésio da Ilha de Páscoa.
A Suprema Corte julgou essa medida “ilegal e arbitrária”, e os juízes invocaram o direito à livre circulação sobre o território chileno como um todo.
“É preciso controlar o crescimento da Ilha de Páscoa”, admite Rosende. “É um território muito frágil que não suporta fluxos indeterminados de imigrantes que ali se instalam.”
Em agosto eles bloquearam, durante 48 horas, o único aeroporto, para reivindicar limites para a duração da permanência dos turistas e para a imigração crescente de chilenos vindos do continente.
O grupo intitulado “Parlamento de Rapa Nui” (nome da ilha em polinésio), reclama a criação de um “conselho de migração” que imponha quotas para o fluxo de turistas, trabalhadores e residentes, à semelhança dos organismos criados nas ilhas Galápagos (Equador), indicou a Presidente da Câmara de Páscoa, Luz Zasso Paoa. “Nós dependemos do nosso patrimônio para um desenvolvimento sustentável; é necessário cuidar dos recursos, da água, da energia e fazer a gestão dos resíduos”, acrescentou Paoa.
Em agosto eles bloquearam, durante 48 horas, o único aeroporto, para reivindicar limites para a duração da permanência dos turistas e para a imigração crescente de chilenos vindos do continente. E eles os criticam, assim como os turistas, por colocarem em risco o equilíbrio ecológico da ilha, que é patrimônio mundial da UNESCO.